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Envelhecimento da população muda cenário para o futuro

Os brasileiros estão estendendo suas vidas até idade avançada, e não são poucas as pessoas centenárias, elevando-se também aquelas acima de 80 e de 90 anos

JC
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JC
Publicado em 17/06/2023 às 0:00

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE trouxe novos números sobre a população brasileira, divulgados ontem. Um dos destaques do levantamento é a consolidação da tendência do envelhecimento demográfico: em uma década, o percentual de indivíduos acima de 60 anos no país saltou de pouco mais de 11% para 15%. E além disso, o percentual dos que têm abaixo de 30 anos de idade caiu de cerca de 50%, em 2012, para pouco mais de 43% em 2022. Os dados refletem duas faces de um mesmo fenômeno, posicionando o Brasil em uma transição de nação de jovens para nação de idosos.
Confirmando outra tendência já observada, as mulheres vivem mais do que os homens. No ano passado, para cada 78 homens acima de 60 anos, existiam 100 mulheres. Esse recorte indica a demanda, que deve crescer junto com a curva do envelhecimento populacional nos próximos anos, de direcionamento de uma parcela das políticas públicas para os mais velhos, especificamente, para as idosas, que representam a maioria dessa população. Sobretudo para as mulheres acima de 60 anos em situação de vulnerabilidade, a rede de proteção social precisa se robustecer, alcançando a todas, na oferta de serviços de saúde dignos, por exemplo.
Independentemente do gênero, os brasileiros estão estendendo suas vidas até idade avançada, e não são poucas as pessoas centenárias, elevando-se também aquelas acima de 80 e de 90 anos. Hábitos saudáveis, alimentação adequada, exercícios e os avanços da medicina explicam a longevidade que se verifica em todo o planeta, não apenas aqui. Os desafios que se põem aos governos e à sociedade em geral se relacionam à preparação de todos para a velhice prolongada, uma vez que fazer 70 anos pode indicar um horizonte de algumas décadas ainda pela frente.
Outra informação relevante extraída da Pnad se refere à quantidade de brasileiros morando sozinhos. Quase 16% do total de domicílios pesquisados pelo IBGE em 2022 tinham apenas um morador. O volume de gente que se enquadra nessa moradia aumentou, e isso também afeta os idosos: mais de 40% do total de pessoas morando sós, no país, são de indivíduos acima de 60 anos. O que também implica em atenção maior para a situação psicológica, econômica e de saúde dos idosos sem companhia em casa. Tanto por parte das famílias, quanto do poder público, responsável pelo bem-estar da população, em qualquer idade.
O envelhecimento populacional significa uma mudança no padrão demográfico, que traz preocupações e oportunidades para um novo cenário. Sem ter chegado a um nível de desenvolvimento ideal para bancar a menor base de trabalho, o Brasil deve enfrentar, nos próximos anos, o desafio de agregar conhecimento e tecnologia, em diversas áreas, para ganhar mais produtividade. A experiência dos mais velhos precisa ser melhor aproveitada, nesse contexto, com a valorização da experiência para guiar as novas gerações. Afinal, um futuro de maturidade aguarda o país do futuro.

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