Um dos principais problemas para o combate à violência e ao crime organizado no Brasil, é o déficit estrutural das estruturas públicas de segurança. Não é à toa que bandidos comandam facções até de dentro dos presídios, num país em que a superlotação carcerária, além de afronta aos direitos humanos, torna-se motivo de ampliação da criminalidade, à revelia da Justiça e do esforço policial para a repressão e a prevenção aos crimes. A melhoria das condições de trabalho para os profissionais da segurança pública se apresenta como condição básica para a redução dos índices de criminalidade, do domínio das facções do tráfico de drogas e do medo que domina a população, sobretudo nas grandes cidades.
Em Pernambuco, a entrega de novos coletes e novas viaturas para os policiais dos batalhões da Região Metropolitana do Recife, pelo novo governo estadual, revela a precariedade da segurança pública na gestão anterior. E explica, em parte, a permanência das estatísticas tão ruins ao longo dos últimos anos, com alta taxa de homicídios em um dos estados mais violentos do Brasil. Os cem novos veículos passam a integrar a infraestrutura mínima para o desempenho dos policiais, uma das categorias mais cobradas pela sociedade, no desempenho de atividades de alto risco.
Além dos carros, sete mil coletes balísticos foram distribuídos, com a devida ênfase na informação de que os profissionais não irão mais precisar dividir o uso de coletes com os colegas – o que, na prática, significa que não havia coletes suficientes para todos. Um dado elucidativo da exposição dos policiais à insegurança, e das restrições existentes, até agora, nas condições de combate ao crime. Uma situação inquietante para o cidadão pernambucano, que vai descobrindo, com a troca de titular no Palácio do Campo das Princesas, o quanto o quadro da insegurança era pior ainda do que os números alardeavam.
A promessa do governo Raquel Lyra é trocar quase 900 veículos até o final deste ano, num investimento de R$ 39 milhões. “Pretendemos fazer a troca de pelo menos metade da nossa frota para garantir viaturas novas, e o direito de o policial trabalhar com mais proteção”, declarou a governadora. O investimento em novos coletes, por sua vez, é de R$ 10 milhões. Um equipamento semelhante ao utilizado pela Polícia Federal, de acordo com o governo do Estado. Para o comando da Polícia Militar, os novos coletes irã repercutir nos resultados operacionais do combate à criminalidade. Vista pelo avesso, a afirmação reconhece que a falta de material adequado interferia negativamente nesses resultados, afundando Pernambuco na vulnerabilidade à violência.
A recomposição da polícia não deve se limitar, contudo, à estrutura mínima para o trabalho das forças de segurança. Há necessidade explícita de aumento do efetivo, com a contratação de pessoal para assegurar a tranquilidade da população. A política de segurança pública, ao se reestruturar, não pode relegar a importância da incorporação de novos policiais.
Polícia em recomposição
A troca de governo mostra a carência da força policial em Pernambuco, onde faltavam coletes e viaturas