Fome

Insegurança alimentar chama a atenção para o país real

Enquanto a política se distrai com golpismos e alianças de ocasião, milhões de brasileiros passam dificuldades para se alimentar diariamente

JC
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JC
Publicado em 13/07/2023 às 0:00

De acordo com novos dados da Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil tinha, em 2022, 10 milhões de desnutridos, 21 milhões de pessoas sem comida todos os dias, e mais de 70 milhões em situação de insegurança alimentar, com alimentação inadequada. Os números demonstram o crescimento da fome em todo o planeta, inclusive no Brasil, de forma incisiva, nos últimos anos. No mundo inteiro, são 735 milhões de famintos, e 2,3 bilhões em insegurança alimentar. Uma verdadeira calamidade coletiva, numa época de grandes avanços tecnológicos que não superam as contradições e desigualdades econômicas e sociais.
O relatório foi publicado ontem e traz um panorama inquietante da realidade brasileira. Um cenário conhecido, antigo e recorrente. A insegurança alimentar grave atesta um quadro de emergência social clara, sem brechas para desculpas ou desvios retóricos. De acordo com o Datafolha, em pesquisa divulgada este ano, mais de 20% dos brasileiros relatam não possuir comida suficiente em suas residências. Há que se buscar a priorização do enfrentamento do problema, que integra a miséria e o aumento da pobreza no país. A exclusão faz cidadãos passarem fome, dormirem ao relento ou em casas improvisadas, sem oportunidades de estudo ou trabalho. Os invisíveis estão em toda grande cidade brasileira. Em Pernambuco, a Região Metropolitana do Recife, especialmente a capital, concentra pessoas que perambulam, nas ruas, atrás de meios de sobrevivência.
Mais de seis meses após iniciar o mandato, o novo governo federal corre atrás de diagnósticos e planos para dar comida a quem tem fome. O governo Lula deve apresentar em breve o programa Brasil Sem Fome, com o objetivo de retirar o país do mapa da ignomínia. É preciso que o programa federal se articule a iniciativas estaduais e municipais, ao que cabe perguntar, a cada nova estatística anunciada: o que os gestores públicos estão fazendo para atender as demandas coletivas, das quais o apelo por alimentação é uma das essenciais? Governadores e prefeitos, deputados e vereadores, procuradores do Ministério Público e demais autoridades do Judiciário, o que falta para se dar prioridade à resolução definitiva da questão da fome no Brasil, começando por cada município?
O Brasil real pede pão, água, saúde e educação. A fome aperta todo dia, a qualquer hora. Famílias vão dormir sem as refeições necessárias. Mais que um programa federal que integre a boa vontade dos governantes, a sociedade brasileira também precisa despertar para a urgência de quem tem fome, e não tem quase nada. E cobrar do presidente da República e seus ministros, dos senadores e deputados federais, dos políticos estaduais e municipais, o compromisso com soluções duradouras que tragam dignidade e comida a quem tem fome. De barriga vazia, como pensar em outros direitos elementares, que também estão em falta para a população?

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