Transporte

Greves refletem descaso com a mobilidade

Metroviários e motoristas de ônibus, como a população, são vítimas de um descaso prolongado com o transporte público em Pernambuco

JC
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Publicado em 16/07/2023 às 0:00

O Metrô sucateado há vários anos e o serviço de ônibus causando a insatisfação dos usuários desde sempre, fazem do transporte coletivo em Pernambuco uma penúria. Há muito menos oferta do que deveria, e o que existe é de tão baixa qualidade que provoca queixas diárias da população. O sistema é tão ruim que nem os seus profissionais trabalham satisfeitos, o que tende a piorar ainda mais a situação, que se traduz em paralisações e ameaças de greve.
No caso do Metrô do Recife, o medo de demissões ativa a mobilização contra a privatização, que vem sendo adiada governo após governo. A gestão federal não investe na melhoria e ampliação, ou sequer promove a manutenção da estrutura disponível, que funciona bem longe das condições ideais. Um dos líderes do movimento de metroviários em Pernambuco declarou, poucos dias atrás, que a maior reivindicação é a garantia de trabalho, seja pela empresa que vencer a concessão, seja pelo governo federal, em outras funções da administração pública.
Como ressaltou a colunista de Mobilidade do JC, Roberta Soares, as negociações com o governo Lula não andaram, e a perspectiva de greve no Metrô é nítida, mesmo que o funcionamento seja mantido nos horários de pico – elevando o transtorno para os usuários, já acostumados com a superlotação desses horários de grande movimento. A CBTU, órgão federal que ainda controla os sistemas de metrô do Recife, Natal, Maceió e João Pessoa, diz que não poderá cumprir o acordo com a categoria. A questão, de administrativa, se torna política, pois os metroviários querem uma posição do presidente da República e de seus ministros a respeito da privatização. Do mesmo modo, a população nordestina envolvida pede uma solução urgente para o caos em que se transformou o transporte coletivo nesses lugares.
Os rodoviários, por sua vez, realizaram três paralisações de ônibus na semana passada, dando indicação que o clima com as empresas do setor não vai nada bem. Os impasses dizem respeito ao desconto de horas paradas por causa de uma greve feita na pandemia, e também ao reajuste salarial. Trata-se de um cabo-de-guerra econômico que retrata, de alguma forma, a desordem observada no sistema de ônibus que serve à Região Metropolitana, semeadora da insatisfação dos usuários de veículos sem conforto, segurança ou rapidez.
Em ambos os problemas, a desorganização percebida nas relações trabalhistas é reflexo de um descaso antigo com a mobilidade dos cidadãos. Sem contar com a atenção dos governantes como prioridade, os sistemas de transporte em Pernambuco se deterioraram, e ainda seguem o curso decadente dos últimos anos, enquanto nenhuma decisão de mudança, de fato, ocorra. Os passageiros reclamam todos os dias, mas nada se altera na paisagem deprimente do transporte coletivo em nosso estado.

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