O Anuário Brasileiro de Segurança Pública foi divulgado ontem, com atualização das informações acerca das mortes violentas intencionais cometidas no país, em 2022. Infelizmente, para os pernambucanos, não foi surpresa constatar que, aqui, estão 5 das 50 cidades com maiores taxas de mortes por cada 100 mil habitantes, com destaque para o Cabo de Santo Agostinho, que aparece na quinta posição nacional, com 81 homicídios para cada 100 mil habitantes. O panorama repetido nos últimos anos vem reforçar a necessidade de aperfeiçoamento da segurança no estado. Produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Anuário chega à 17ª edição como importante instrumento para formulação e correção de políticas de combate ao crime organizado e à violência que assusta a população.
A média nacional de mortes violentas é de 23 para cada 100 mil habitantes. Em 2020, o Cabo esteve na segunda colocação do ranking, com 90 mortes para cada 100 mil. Não é de hoje que os índices de violência no município são muito altos, até para os padrões de insegurança em Pernambuco. Em Vitória do Santo Antão, a contagem de vidas perdidas para a violência no ano passado foi de 51 para cada 100 mil. Em São Lourenço da Mata, de 50, e em Garanhuns e Jaboatão dos Guararapes, de 44 para cada 100 mil habitantes. Em todo o território estadual, com o registro de 3.423 mortes, a taxa de mortes violentas por 100 mil foi de quase 38 pessoas.
A guerra do tráfico de drogas é um dos motivos para a gravidade da situação no Cabo, onde as facções disputam o domínio territorial, sem que as autoridades de segurança consigam intervir para o bem da população – pelo menos até o ano passado. Um dos pontos de inflexão que se espera no novo governo de Raquel Lyra e Priscila Krause, é a mudança qualitativa no enfrentamento da criminalidade, superando as metas fictícias e a baixa efetividade do Pacto pela Vida, das gestões anteriores.
O desafio, decerto, é nacional. No Brasil inteiro, houve registro de 47.508 mortes violentas intencionais em 2022 – contingente maior do que a população da maioria das cidades pernambucanas. A cada ano, a violência no país retira o equivalente a uma cidade inteira do convívio de familiares e amigos. Muitos são levados pela guerra entre bandidos, no resultado trágico de vidas desperdiçadas pela falta de oportunidades e pelo baixo nível de cidadania. A violência faz parte de um problema estrutural que se agrava com a pobreza e a miséria, notadamente no Nordeste, mas de modo geral nas principais regiões metropolitanas brasileiras.
Com a proximidade entre o Planalto e o Campo das Princesas se formando em diversas áreas de gestão, é importante aproveitar a sinergia para buscar a redução da insegurança e da violência em Pernambuco, junto com o governo federal. Mais uma vez, como em outras iniciativas, é do interesse público que se trata, no combate a uma realidade que precisa ser mudada há muito tempo.
Assassinatos na estatística da insegurança brasileira
Pernambuco seguiu entre os estados mais violentos do país no ano passado