SAÚDE

O risco crescente de arboviroses

Aumento de casos no Brasil e em outros países é um sinal de alerta para medidas preventivas pelos governos e pela população

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JC

Publicado em 03/09/2023 às 0:00
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Na Guatemala, um surto de dengue que já matou dezenas de pessoas provoca a decretação de emergência nacional pelas autoridades. A intensificação da fumigação – aplicação de gases químicos – contra o mosquito Aedes aegypti, a melhoria do atendimento às vítimas da doença nos hospitais e uma agenda integrada com ações de iniciativas públicas e privadas, fazem parte dos objetivos do governo da Guatemala com o estabelecimento da emergência em todo o país por três meses.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) vem demonstrando preocupação com a maior incidência de arboviroses no planeta, especialmente este ano, devido ao fenômeno climático El Niño, uma vez que os mosquitos ampliam a reprodução beneficiados pela combinação de chuva e calor. De acordo com a OMS, a dengue é candidata a virar pandemia. No primeiro semestre de 2023, os registros oficiais contabilizam mais de 3 milhões de casos no mundo inteiro, sendo o continente mais afetado a América do Sul. A proteção da primeira vacina contra a dengue, a Qdengua, segue sendo analisada, após bons resultados.
No Brasil, a alta de casos de infecção simultânea de chicungunha e dengue põe a área sanitária em alerta. Em relação ao ano passado, o número de casos de dengue já é o triplo, enquanto os de chicungunha apresentam crescimento de sete vezes. O que chama atenção e desperta o receio nos cientistas é o percentual de 11% de infectados, ao mesmo tempo, pelos dois vírus, em Minas Gerais. Pelo histórico registrado, a coinfecção não passava de 2%. Agora, novos estudos terão que ser realizados para descobrir como os dois vírus interagem no organismo, e se isso gera mudança nos sintomas e no quadro clínico dos pacientes. Como a coinfecção vinha sendo rara, seus efeitos precisam ser ainda compreendidos.
O aumento na incidência de casos simultâneos sugere que o mosquito esteja circulando com os dois vírus, o que reforça o apelo para as medidas preventivas conhecidas, tanto dos governantes, quanto da população. Impedir a proliferação do mosquito é a base para reduzir o número de casos, e evitar quadros graves e até mortes, como se observa na Guatemala. A prevenção abrange o cotidiano familiar, no interior das residências, mas também nos locais públicos, que devem servir de exemplo para a coletividade.
Com sintomas semelhantes, as arboviroses ameaçam a saúde pública, mesmo nas formas consideradas menos graves. Muita gente que se contaminou com o vírus de qualquer arbovirose não gosta nem de lembrar o período que passou doente. A disparada de casos e a mistura dos vírus no mosquito transmissor fazem com que as campanhas educativas, interrompidas durante a pandemia de Covid, sejam necessárias em larga escala. Resgatar a conscientização para as medidas simples, mas eficazes de precaução, e investir mais na busca de eventuais criadouros do mosquito, dentro de uma política articulada de vigilância e monitoramento dos casos, são responsabilidades do poder público, compartilhadas por todas as instâncias de gestão.

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