DOAÇÃO DE ÓRGAÕS

Esperança para os pacientes

Número recorde de órgãos doados no país no primeiro semestre estimula campanha pelos transplantes

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JC

Publicado em 05/09/2023 às 0:00
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O drama do apresentador de TV Fausto Silva, que precisou de um transplante urgente de coração, voltou a chamar a atenção dos brasileiros para a demanda de órgãos, numa fila que depende da doação para evoluir e salvar vidas. Com o aumento registrado este ano nos procedimentos de transplantes de coração, rins, pâncreas e fígado, o país apresenta um avanço animador para os pacientes que aguardam a vez para ganharem a chance de viver com mais saúde. Foram mais de 4.300 transplantes no primeiro semestre, de quase 2 mil doadores – número recorde para o período em uma década. Em relação ao transplante de córneas, para restaurar a visão, foram quase 8 mil procedimentos no primeiro semestre deste ano, 15% a mais do que nos seis meses iniciais de 2022.
Como a reportagem de Cinthya Leite mostrou na edição de ontem do JC, o crescimento é oportuno para a campanha concentrada, este mês, voltada para a conscientização da doação de órgãos em todo o território nacional: o Setembro Verde. Os resultados indicam a recuperação do Sistema Nacional de Transplantes, após a baixa sofrida com a pandemia de Covid. Devem ser destacados os profissionais da área, que buscam diariamente a sensibilização para a importância da doação de órgãos. O papel das famílias, no momento da perde de um ente querido, é fundamental para que outras vidas venham a ser salvas, com os órgãos compatíveis de quem acaba de falecer.
A declaração de cada indivíduo, em favor da doação em caso de morte, é o primeiro passo para o aumento de transplantes. A manifestação por documentação prévia facilita o processo, embora a palavra final para a destinação dos órgãos de alguém recém falecido seja da família. A legislação a respeito foi modificada em 2001, obrigando a permissão por parentes, sem a necessidade da declaração pronta deixada com esse propósito. Como muitas famílias negam a retirada de órgãos, e com a repercussão do caso de Fausto Silva, surgem especulações no Congresso para que a doação presumida retorne, ou seja, quem não quiser ser doador poderá ter que deixar a decisão explícita em documento. Caso contrário, a doação pode ser realizada, o que iria acelerar o atendimento às demandas.
No Brasil, a fila é a mesma para a possibilidade dos transplantes, abrangendo tanto os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto da rede privada. A triagem de quem pode ser potencial doador, em caso de morte encefálica, responde a critérios da condição dos órgãos. Exames de uma equipe especializada devem definir a aptidão dos órgãos para transplante. E se for possível, até oito pessoas podem ser beneficiadas. Também existe a alternativa de doação em vida para rim, medula óssea e um pedaço do fígado.
Apenas em Pernambuco, mais de 2 mil pacientes estão na fila por transplantes, a maioria para o rim. A fila no Brasil passa de 60 mil pessoas, das quais 37 mil esperam por um novo rim.

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