METRÔ

Linha da responsabilidade

Declaração da governadora Raquel Lyra vai na direção certa, após muitos anos de gestão fora dos trilhos

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JC

Publicado em 06/09/2023 às 0:00
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É a melhor notícia para o transporte coletivo em Pernambuco. A possível transferência da gestão do Metrô do Recife para o governo do Estado é algo que se espera há um bom tempo. Com a administração débil do governo federal que se arrasta por várias gestões, o metrô pernambucano vem sofrendo um processo de sucateamento que não se enfrenta, nem pelo Estado nem pelos municípios por onde os trens passam, como se o problema fosse apenas da população. E não, dos governantes eleitos pelo povo para cuidar dos problemas, entre os quais, a falta de mobilidade e a necessidade de transporte para os deslocamentos diários.
Hoje presidente do Banco do Nordeste, o então governador Paulo Câmara, antecessor de Raquel Lyra, chegou a falar em concessão do serviço, mas esqueceu do assunto por causa de pressão dos sindicalistas. E o sucateamento seguiu seu caminho, sem responsáveis, mas cheio de consequências – hoje estimadas em pelo menos R$ 2 bilhões, para recuperar a viabilidade dos equipamentos em uso. A conta é uma estimativa e pode aumentar, caso nada continue a ser feito na direção contrária à degradação do melhor serviço de transporte coletivo que o cidadão poderia ter, mas não tem.
Na falta de um gestor público interessado, e com os recursos necessários para a manutenção básica e a modernização do sistema, a concessão ou privatização é um modelo bem-sucedido em várias partes do país e do mundo. O Sistema Jornal do Commercio de Comunicação defende, não é de hoje, que a concessão seja realizada onde for possível, visando a requalificação dos serviços abandonados pelos governos. E o Metrô que deveria servir à população da Região Metropolitana do Recife é, como bem sabe o usuário, um exemplo típico de abandono. Por isso, até mesmo integrantes da oposição ao atual governo poderiam aplaudir e apoiar a decisão da governadora, que declarou desejar que o estado assuma, enfim, a gestão do Metrô, antes que não sobre nada para cuidar.
Para voltar a transportar, pelo menos, a quantidade de gente que já transportou, o metrô de Pernambuco precisa dobrar a capacidade atual. O que somente será possível se o déficit anual de custeio, na casa dos R$ 300 milhões, for sanado com investimentos de porte – públicos ou privados – que também abram a possibilidade de ampliação. A recuperação dos padrões aceitáveis de operação e a garantia de emprego para os 1.500 metroviários integram as condições do governo estadual, segundo Raquel Lyra, para assumir a responsabilidade que se encontra no vácuo. Se o compromisso do governo Lula com os pernambucanos for mantido, em mais uma mostra de afinação e visão pública compartilhada entre os palácios do Planalto e do Campo das Princesas, o longo período à míngua poderá ser finalmente deixado para trás.
Pela demanda existente, e com o caos na mobilidade metropolitana, uma solução no horizonte do metrô seria o primeiro passo para a incorporação de mais linhas e passageiros, em um sistema de transporte seguro, confortável e sustentável – tudo o que a população não dispõe.

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