MEIO AMBIENTE

Papa Francisco alerta o mundo

Crise climática volta a ser tratada pelo pontífice, que chama atenção para a urgência de ação dos líderes das nações

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JC

Publicado em 20/09/2023 às 0:00
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Na semana em que os brasileiros aguardam a passagem de uma onda de calor que promete temperaturas acima de 40 graus Celsius em vários estados do país, o Papa Francisco aproveitou a oportunidade da Assembleia Geral das Nações Unidas para retomar um tema recorrente em seus mais de dez anos no Vaticano – as mudanças climáticas. Ao conclamar as lideranças mundiais para unir o planeta com o propósito de evitar uma catástrofe ecológica, Francisco alertou para a iminência de um ponto sem retorno, pedindo ações efetivas “antes que seja tarde demais”.
Em videoconferência com o ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, o pontífice demonstrou sintonia com a conjuntura que assusta os cientistas e a população global. O ano de 2023 ainda está perto do último trimestre, mas já é considerado o mais quente da história da humanidade, com recordes de temperatura – inclusive no oceano, que afeta o clima da Terra – e incêndios florestais de grande proporção. Hoje, na ONU, líderes do G20 se reúnem para discutir a agenda para reduzir os efeitos das mudanças climáticas. Com a pressão social de um ano mais quente do que o comum, espalhando medo em tantos países, a pressão dos cientistas e dos diplomatas também se eleva, solicitando agora pragmatismo dos governos nacionais para enfrentar a crise climática enquanto medidas preventivas ainda são postas como alternativas possíveis a consequências maiores, como a elevação do nível dos oceanos e a imprevisibilidade de fenômenos extremos.
A insistência de Francisco é ao mesmo tempo sintomática de sua relevância como líder político num mundo de poucos líderes respeitados globalmente. Mas é igualmente indicadora da baixa repercussão de suas falas sobre o meio ambiente no círculo religioso que representa. Pois as comunidades católicas não parecem tão alarmadas com a crise climática, quanto o seu maior representante – até que viessem os efeitos inegáveis da poluição, como as ondas de calor e os incêndios, as populações, de maioria católica ou não, pouco pressionaram os governantes para mudar o rumo do modo de vida da civilização. E muitos continuam sem enxergar essa necessidade, numa espécie de negacionismo compartilhado por bilhões de pessoas.
A partir da próxima sexta-feira, as previsões meteorológicas apontam para dias de intenso calor na maior parte do Brasil, mesmo nas áreas em que o mês de setembro já traz aumento de temperatura. A primavera tem início no sábado, no ápice da onda quente, que deve ser mais sentida nos locais com baixa umidade. Com uma massa de ar seco parada sobre o território nacional, os brasileiros precisam ter cuidado para não se expor a riscos à saúde. A exemplo do que já se viu este ano no hemisfério norte, a temperatura elevada é vista como uma das consequências das mudanças climáticas em curso. Para reverter as mudanças, a urgência pedida pelo Papa Francisco deve ser atendida, sobretudo, nos países desenvolvidos e nos que estão em desenvolvimento, os chamados emergentes. Se os habitantes da Terra agirem como ocupantes de um só planeta, a crise climática poderá ser enfrentada.

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