ECONOMIA

Para melhorar a competitividade

Redução do Custo Brasil ganha grupo de trabalho federal voltado para destravar o crescimento do país

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JC

Publicado em 21/09/2023 às 0:00
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Definido como tudo que atravanca o desenvolvimento econômico nacional, elevando despesas e limitando investimentos, o Custo Brasil acaba de receber um status de preocupação oficial do governo federal. A criação de um grupo de trabalho específico para pensar, planejar e propor ações para diminuir o Custo Brasil, no âmbito do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, no entanto, deve conter como premissa a real disposição de desinflar o papel do Estado e da burocracia, e estimular o empreendedorismo para gerar empregos e enfrentar, com abertura de oportunidades, a imensa desigualdade entre a população.
Existe até um valor estimado de perdas decorrentes do Custo Brasil, de acordo com o Movimento Brasil Competitivo: R$ 1,7 trilhão por ano. Recursos que poderiam estar sendo aplicados em infraestrutura, educação e saúde, por exemplo, e abrindo o caminho para que os negócios no país fossem mais atrativos, tanto para receber aportes de investimento, quanto para proporcionar vagas de trabalho para quem não encontra ocupação adequada que se traduza em renda e uma maior segurança financeira. É nesse montante trilionário que a equipe ministerial do governo Lula deve se debruçar, retirando os obstáculos e construindo rotas para o crescimento da economia.
Um crescimento necessário, levando em conta o enorme déficit social que sufoca milhões de cidadãos brasileiros, desempregados ou subempregados, em ocupações distantes dos potenciais produtivos. Para que a justiça social se torne realidade além dos discursos e promessas que se repetem a cada quatro anos, é preciso que a desidratação do Custo Brasil seja encarada como prioritária. Um grupo de trabalho ministerial focado no problema pode ser um avanço, desde que o horizonte de metas não se restrinja a diagnósticos já conhecidos, nem a planos que dependam de um cipoal de providências que esticam a convivência com as dificuldades, sem enfrentá-las diretamente. O GT do Custo Brasil não pode fazer de conta que trabalha, sem resultados concretos no atual mandato presidencial – como nos anteriores de Lula e do PT, e de outros inquilinos no Planalto.
As metas de melhoria da produtividade, da competitividade e do ambiente de negócios devem levar em conta um fator de urgência, atrelado ao atraso acumulado em décadas sem o crescimento ideal para uma nação que se classifica como emergente. O Brasil tem milhões de famintos e desempregados, milhares de miseráveis e de sem-teto nas ruas – e o Recife, assim como Pernambuco, infelizmente, são exemplos marcantes dessa condição de vulnerabilidade que aflige tantos brasileiros. Com representantes de 20 órgãos e 15 ministérios, com reuniões apenas uma vez por mês, o GT corre o risco de perder tempo em discussões retardatárias. Seria importante sintetizar o que pode ser realizado logo, e buscar os encaminhamentos para que aconteça – para que barreiras conhecidas do Custo Brasil não atrapalhem o percurso do próprio GT criado para cuidar do assunto.
Os resultados econômicos para a sociedade precisam estar claros de partida, como premissas para conquistas sociais de longa duração. O Custo Brasil não é uma abstração da economia, mas uma soma de barreiras que se cristalizaram em torno de um Estado hipertrofiado. A dúvida é se o atual governo tem a intenção verdadeira de lidar com a questão.

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