ATAQUE A ISRAEL

Mundo em alerta de guerras

Ofensiva do grupo terrorista Hamas no território israelense é mais um capítulo da história banhada de sangue no começo do século 21

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JC

Publicado em 08/10/2023 às 0:00
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Embora a surpresa tenha sido a tônica da reação geral, no planeta, diante dos ataques terroristas a Israel, desde ontem, seguidos pela represália bélica dos israelenses à Faixa de Gaza, a investida não destoa de uma característica que se aprofunda nas primeiras décadas do século 21: o aumento dos conflitos armados, das disputas territoriais – que já provocaram tantas guerras no passado – e dos gastos militares para defesas cada vez mais realizadas na base do contra-ataque. Como se não bastassem os problemas gerados pela desigualdade econômica e pela crise ambiental, o bicho humano parece disposto a voltar a brigar até a morte em bandos, agora com o respaldo dos aparelhos de Estado e o impulso destrutivo de aparatos tecnológicos caros, sofisticados, mas nem por isso menos inclementes que os canhões e lanças de antigos guerreiros.
Além disso, os contextos que aparentam se circunscrever a determinadas regiões estão relacionados com atores de fora dos limites do interesse direto dos povos que invadem ou são invadidos. Assim é na Ucrânia, que solicita mais armamentos para se defender e atacar a Rússia, invasora de seus domínios. E desde sempre, mas com evidência agora, na disputa entre os palestinos e os israelenses, com o Hamas exibindo poder de fogo incompatível com um grupo de terror isolado, podendo ter sido armado e treinado pelo Irã – que por sua vez tem estreitas ligações com o presidente russo, Vladimir Putin. Do lado israelense, o presidente Joe Biden reafirmou a disposição de municiar Israel contra o terrorismo, com “o que for necessário”.
As fronteiras das guerras se aproximam, causando tensão até em quem se sente longe dos mísseis e rajadas. O evento histórico fundador do século 21, dizem alguns, foi o ataque terrorista às Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York, em 2001. O revide norte-americano suscitou um derrame de dinheiro incalculável contra o terror, numa caçada do outro lado do Oceano Atlântico, em invasões ao Afeganistão e ao Iraque. Assim como aquele ataque chocante gerou um clima popular favorável a investidas de força, o terrorismo que acerta a população de Israel, matando centenas de pessoas num só dia, leva à iminência de respostas de mais violência, ante a violência recebida.
A reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas – presidido pelo Brasil – marcada para hoje, deve manter a redundante e ineficaz postura da ONU perante a escalada de conflitos na Terra. A diplomacia global contabiliza enorme fracasso, desde a Segunda Guerra Mundial, em disseminar a cultura de paz ao invés de crescentes preparações belicistas. As despesas com armamentos nunca foram tão altas, o que significa que jamais houve tantos gatilhos, mísseis e botões prontos para matar seres humanos, em diversas partes do mundo. A situação em Israel é de desespero – em condição que os une aos palestinos, e irmana as populações mundiais no alerta de conhecida tragédia.

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