Cada vez menos país do futuro
Novos dados do IBGE trazem um maior percentual de idosos, em amadurecimento já esperado na curva demográfica do país
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou números atualizados do Censo 2022. E o cenário demográfico mudou bastante desde o Censo de 2010. Uma das principais alterações é verificada no aumento de idosos: há 57% a mais de gente acima de 65 anos vivendo em todo o território nacional. São mais de 22 milhões de indivíduos nessa faixa etária, correspondendo a praticamente 11% da população – em 2010, eram pouco mais de 7%. E enquanto o envelhecimento ocorreu, a quantidade de crianças e adolescentes de até 14 anos diminuiu, caindo de quase 46 milhões para cerca de 40 milhões de pessoas, saindo de 24% para aproximadamente 20% do total de brasileiros, em apenas 12 anos. Vale recordar que o IBGE já havia divulgado antes esse total, que é de 203 milhões.
A média de idade do cidadão brasileiros teve um acréscimo de seis anos: era 29, em 2010, e passou a ser 35, em 2022. Antes havia 30 indivíduos de 65 anos ou mais para cada 100 de até 14 anos. No ano passado, o chamado índice de envelhecimento já está em 55 idosos para cada 100 crianças. Um salto considerável, com repercussões econômicas e sociais que ainda vão ser devidamente percebidas. Há mais idosos nas regiões Sudeste e Sul – as mais ricas – em especial nos estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro. E as crianças de até 14 anos de idade são um quarto da população nas regiões mais pobres, o Norte e o Nordeste.
No recorte da pesquisa por idade, os planejadores e gestores públicos devem se debruçar nos detalhes por estado e município, para a formatação de programas de educação, saúde, assistência social e geração de empregos. Como o Censo se refere às informações do ano passado, já em 2023 parte da população mais jovem entra na idade economicamente ativa, a partir dos 15. E apesar de oficialmente o trabalho para os acima de 65 ser considerado uma opção para quem já deve estar aposentado, na prática, sobretudo com o aumento da expectativa de vida, a fase produtiva se estende para além disso. Mas para os referenciais da gestão da economia, no Brasil, o limite de 65 anos pauta o planejamento.
O envelhecimento populacional já vem sendo acompanhado no país há algum tempo, e os resultados divulgados pelo IBGE ratificam a tendência esperada. Há pouco mais de 40 anos, em 1980, a faixa acima dos 65 representava apenas 4% da população – e hoje, passa dos 10%. E a faixa de até 14 anos de idade, em 1980, chegava a quase 40% dos brasileiros, sendo hoje praticamente a metade, em termos relativos. Na imagem estatística, verifica-se um estreitamento da base da pirâmide etária, e um alargamento no topo. Com as mulheres tendo menos filhos, e a mortalidade reduzida, o Brasil amadurece, deixando de ser, gradativamente, o país do futuro.