SAÚDE

Custo bilionário das arboviroses

O alto custo anual com prevenção, tratamento, internações e previdência da dengue e outras doenças causadas pelos mosquitos ainda traz mais prejuízos coletivos

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JC

Publicado em 31/10/2023 às 0:00
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Os impactos econômicos de males como a dengue, a chicungunha e a febre amarela, causados por picadas de insetos, são elevados, num país em que o gasto com saúde – e outras demandas coletivas – precisa ser bem direcionado, diante das múltiplas necessidades e antigos problemas acumulados. É o que revela estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro – Firjan, como informa a colunista do JC, Cinthya Leite. A produtividade das empresas também é afetada, demonstrando o cenário expandido das consequências das arboviroses no Brasil. E da urgência com que as medidas preventivas devem ser consideradas, tanto pelos governos, quanto pela sociedade.
De acordo com a pesquisa, as despesas com benefícios previdenciários, internações, tratamentos e ações para o controle do vetor de transmissão das doenças podem chegar a R$ 3 bilhões, num ano. Mais de duas décadas de informações relativas a esses tópicos foram analisadas, o que significa um valor acima de R$ 60 bilhões em recursos aplicados. Apenas de repasses do governo federal a estados e municípios, o montante é de R$ 1,5 bilhão, anualmente. Há um rombo nas contas públicas devido aos efeitos das arborviroses no país. A prevenção e o controle realizados não têm trazido a eficácia suficiente para impedir a incidência maciça e os prejuízos individuais e coletivos, que se projetam no longo prazo, como o estudo aponta, ao abranger um período de décadas de observação.
Vale registrar o custo médio de tratamento da dengue grave, diante da realidade financeira de boa parte da população. O valor é 131% maior que o salário mínimo. Os custos previdenciários, a cada ano, ultrapassam a casa de R$ 24 milhões, levando à perda de 32 anos de trabalho, na soma dos dias não cumpridos em virtude das arboviroses, sobretudo a dengue. Os afastamentos mínimos registrados foram de 17 dias, e o máximo, de 11 anos. A produtividade cai, os custos das empresas aumentam, a saúde pública é sobrecarregada e o cotidiano familiar e das localidades é pressionado por uma doença que pode ser evitada por medidas simples de precaução, que envolvem a colaboração da população. Mas os gestores públicos também devem cumprir seu papel, investindo em campanhas de comunicação, e em ações permanentes de controle, pois qualquer relaxamento pode trazer os mosquitos de volta.
Pernambuco aparece como um dos estados em que os benefícios previdenciários gerados pelas arboviroses são mais frequentes. Com vários municípios com alta incidência das doenças, já houve mortes por dengue e chicungunha no estado, em 2023, e milhares de contaminações. Como os números da conta com os mosquitos indicam, a priorização do combate à disseminação das arboviroses pode, além de salvar vidas, representar uma economia importante, especialmente num estado como o nosso, repleto de desafios sociais.

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