ECONOMIA

Trabalho no Brasil ainda é desafio

Embora haja menos gente sem trabalho, a geração e a qualificação de empregos continuam sendo questões cruciais para os governos

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JC

Publicado em 02/11/2023 às 0:00
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Quase 1 milhão de brasileiros entraram ou reocuparam o mercado de trabalho no terceiro trimestre, contribuindo para o melhor resultado no cenário de empregos, para o período de julho a setembro, desde 2014. A taxa de desemprego, que era de 8% no segundo trimestre do ano, caiu mais um pouco, chegando a 7,7% no País. Com isso, o total alcançado foi de perto de 100 milhões de trabalhadores ocupados, um número recorde. E o contingente de 8,3 milhões de pessoas desempregadas é o menor desde maio de 2015. São ótimas as notícias, para um momento que antecede o aquecimento das festividades do fim de ano, e para os governos que iniciaram seus mandatos em 2023 com a expectativa de manutenção da recuperação da economia.
Também é importante lembrar que, como tudo no Brasil, o desemprego não é distribuído igualitariamente no território nacional. Estados como Pernambuco, dentro de um contexto geral de problemas e desafios, enfrentam condições ainda mais desafiadoras para abrir oportunidades que se adequem simultaneamente às demandas da população e do mercado de trabalho, sobretudo em decorrência dos desníveis de formação entre o que as empresas precisam e a educação formal, especialmente pública, ainda oferece. Some-se a isso o envelhecimento da massa populacional, conforme detectado oficialmente pelo IBGE há poucos dias, e temos um caminho conturbado para atravessar, em direção ao sempre postergado pleno desenvolvimento dos potenciais brasileiros.
O avanço do emprego é acompanhado por sua qualificação, na medida em que as demandas formais podem ser preenchidas. Com a economia em temperatura mais alta, há maior disponibilidade de recursos para capacitação e investimentos que favorecem a abertura de vagas – e sua rápida ocupação. Apesar das boas notícias, os governos – federal e estaduais – devem continuar buscando ampliar oportunidades e dinamizar a economia, dos arranjos produtivos locais até os grandes empreendimentos. Para o setor público de modo geral, apostar no micro e pequeno empreendedor é sempre uma escolha estratégica de consequências positivas que se multiplicam em efeitos econômicos e sociais.
No segundo trimestre, quando a taxa de desemprego no País foi de 8%, a de Pernambuco se mostrou superior a 14%. Eram centenas de milhares de pernambucanos atrás de ocupação, no reflexo de quase uma década de paralisia e perda de competitividade para outros estados do Nordeste. É preciso atrelar à reorganização da economia nacional a reestruturação da economia estadual, através de benefícios fiscais, como vem salientando a governadora Raquel Lyra, mais também, por meio do resgate de um planejamento consistente para a criação de empregos, via impulso do empreendedorismo. O Estado dispõe de instrumentos para catalisar novos negócios, retirando entraves burocráticos, apoiando a formação humana, científica e técnica, e facilitando um ambiente de negócios propício ao intercâmbio de ideias, projetos, interesses, bens e serviços. Se não atrapalhar muito, dizem, o poder público já ajuda. Mas no caso da desigualdade brasileira, os governos têm papeis fundamentais a cumprir no embasamento das atividades econômicas.

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