Alta estação gira a economia
Estabilidade econômica e retomada pós-pandemia turbinam o setor turístico no Brasil, com mais viagens previstas até o mês de fevereiro
A estimativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) é que o período de alta estação até o mês de fevereiro, ultrapassando o Carnaval, traga o melhor desempenho para o setor em mais de uma década. Mesmo com as restrições de orçamento para as passagens aéreas, que continuam caras, depois de alta acima de 36% em doze meses, a população brasileira revigora o turismo interno, buscando alternativas de deslocamento, e até preferindo passeios mais curtos para não deixar de viajar. Se a condição das estradas não vem a ser a ideal, como registram avaliações anuais das entidades de transporte rodoviário, a circulação intermunicipal e interestadual por ônibus e automóvel é o que resta para muita gente, que não abre mão de um tempo de lazer e descanso, longe do local onde a rotina se inscreve.
O faturamento geral entre novembro deste ano e fevereiro de 2024 deve ficar em torno de R$ 155 bilhões no país, de acordo com a CNC, maior movimentação desde 2012. O que significa recuperação importante para um dos motores econômicos mais afetados pela pandemia de Covid, entre 2020 e 2022. A demanda reprimida dessa época de dor, susto e privações vem se manifestando desde o ano passado, com a melhoria dos indicadores, reabertura e expansão de empreendimentos que aproveitam a reativação plena dos destinos turísticos.
Por outro lado, fatores conjunturais relacionados à confiança dos consumidores colaboram para os bons números. O comportamento coletivo pode refletir a percepção de um ambiente mais estável na economia, que por sua vez traduz a estabilidade no cenário político, após o conturbado ano eleitoral, no ano passado, quando negócios e disposições ficaram em suspenso, à espera do resultado das urnas na polarizada disputa pela presidência da República. Sem tantos sobressaltos e incertezas, o turismo é um dos setores beneficiados quando há trégua na instabilidade política nacional. Caso a conjunção favorável permaneça, atividades produtivas e de serviços podem puxar um ciclo sustentável de crescimento, ancorando novo ciclo de recuperação e abrir oportunidades para a maioria da população.
No panorama de bons sinais, o Nordeste aparece como destino promissor para visitantes brasileiros e de outros países. A ampliação da capacidade receptiva do aeroporto dos Guararapes, no Recife, traz o potencial de incremento para o setor em Pernambuco. Mas para além do transporte aéreo, a mobilidade rodoviária deixa muito a desejar, aqui e nos estados vizinhos. O investimento na estrutura viária, nos próximos anos, poderia ser crucial para fortalecimento dos polos existentes, e para criação de novos polos, em torno de conhecidos destinos culturais e naturais nordestinos.
Enquanto os investimentos não são feitos, as férias ensolaradas oferecem suficientes motivos para os brasileiros arrumarem as malas para curtir alguns dias de escape do cotidiano – pondo para girar a roda da economia.