Investimentos científicos na região
Iniciativas de grande porte em formação e tecnologia trazem a expectativa de projetos que podem resultar no início da superação de desigualdades regionais
Fortaleza recebe uma unidade do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), um dos mais reconhecidos centros formadores do país. Salvador ganha uma fábrica de chips na base aérea. Em Abreu e Lima, em Pernambuco, a Escola de Sargentos promete um salto no desenvolvimento do município e de cidades vizinhas, conferindo novo dinamismo àquela porção do estado, atraindo habitantes e serviços, e gerando negócios e relações a partir do empreendimento, dentro de todos os requisitos da legislação ambiental, e ainda criando polos que funcionam como catalizadores sociais. O conjunto de iniciativas parte das Forças Armadas, em estratégia que parece delineada pelo governo federal, para a redução das desigualdes regionais que preenchem o Brasil, e pressionam para baixo, há muitos anos, a qualidade de vida dos nordestinos.
Em matéria publicada na edição do JC na sexta-feira, Jamildo Melo recordou pronunciamentos do ministro da Defesa, José Múcio, na direção da viabilização dessa estratégia. “Estamos invertendo o fluxo de oportunidades dos futuros cientistas que nascerão aqui”, afirmou José Múcio. “Eles não precisarão sonhar em ir para o Sul, poderão ficar no Ceará”, falou, em relação ao ITA naquele estado. “O Ceará e os nordestinos vão colher este fruto”, prevê o ministro. E os frutos do investimento em ciência e tecnologia são conhecidos por agregarem desenvolvimento aos locais em que estão inseridos, a exemplo de São José dos Campos, que abriga o ITA em São Paulo.
No Instituto cearense, a intenção da Aeronáutica é oferecer cursos diferentes, além dos que são disponíveis em São José dos Campos. Uma das possibilidades é a formação em energia, aproveitando a demanda de empreendimentos no setor, no Ceará e em todo o Nordeste, como o aprimoramento em energia eólica e hidrogênio verde. Assim, essas especializações ficam mais perto das áreas em que são aplicadas, sem a necessidade de deslocamento para centros de especialização em outras regiões. Um ganho e tanto para os nordestinos, tanto na perspectiva da educação, quanto das repercussões de largo alcance desses investimentos.
O Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), único fabricante de microchips no Brasil, na base aérea de Salvador, é mais um exemplo do foco do governo federal para o Nordeste. O empreendimento é vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, e representa importante diferencial para a tecnologia de ponta na Bahia e no Nordeste, em um mercado dominado atualmente pela China e pelos Estados Unidos.
Prevista para receber 10 mil pessoas, de alunos e professores a colaboradores e familiares, a Escola de Sargentos em Pernambuco poderá trazer ao estado, somente em folha salarial, o aporte de R$ 200 milhões. A comparação do ministro José Múcio é que o projeto pode ser comparado à Academia Militar das Agulhas Negras, em Rezende, no Rio de Janeiro, com impactos sociais e econômicos semelhantes. Com a descentralização prevista em projetos de grande porte, como os mencionados, o desenvolvimento brasileiro pode, finalmente, dar passos preciosos para a superação das desigualdades.