Violência e insegurança
Um dos maiores desafios da gestão pública – do Estado e dos municípios – é conter o avanço da criminalidade e garantir a ordem para os cidadãos
As estatísticas continuam assustando os pernambucanos, diante de um cotidiano violento que põe as autoridades em xeque. O que fazer para reduzir a onda de crimes, trazendo mais tranquilidade à população temerosa de sair de casa e circular nas ruas, nos ônibus, nos bares, a qualquer hora do dia ou da noite? Na semana passada, em apenas um dia, 11 pessoas foram assassinadas na Região Metropolitana do Recife. O primeiro mês do novo programa de combate à violência do governo estadual foi o mais violento do ano, num mau começo depois do lançamento com meses de atraso e grandes expectativas.
O problema não concerne apenas ao Palácio do Campo das Princesas, uma vez que a insegurança é uma questão notadamente local, reflexo de condições estruturais que dizem muito sobre a qualidade de vida dos municípios. Quando se está numa cidade tranquila, e se tem vontade de voltar, em caso de turismo, a sensação de segurança é atribuída à localidade, e não à gestão pública de qualquer instância. Mas cabe à gestão em todos os níveis, do federal ao municipal, trabalhar em articulação para oferecer às populações e visitantes a segurança esperada todos os dias. Limpeza, iluminação, políticas sociais e urbanas preventivas, além do respeito básico a direitos como alimentação, saúde, moradia e educação, fazem parte da responsabilidade dos gestores públicos, de modo geral, da qual não se eximem quando a criminalidade irrompe.
O avanço do crime organizado ligado ao tráfico de drogas no estado, nos últimos anos, é apontado como um dos fatores para a alta incidência de mortes violentas. Mas não é só isso. Roubos e furtos, feminicídios, agressões constantes no trânsito, bolsões de miséria dominados por bandidos, configuram um cenário desafiador que solicita múltiplas e urgentes intervenções do poder público – dos representantes do povo eleitos para cuidar desse e de outros problemas coletivos. O crime organizado nas comunidades e nas penitenciárias é causa, mas também se mostra como consequência de uma invasão consentida por circunstâncias favoráveis à violência, entre as quais, a baixa capacidade demonstrada pelos governantes e suas estruturas administrativas, de impedir o surgimento e a proliferação dessas circunstâncias.
Agora o desafio é maior: além de estancar a criminalidade, é preciso recuperar espaços de convivência, restabelecer a ordem no sistema penitenciário, garantir o direito de ir e vir aos cidadãos que habitam ou visitam Pernambuco. Além de reduzir a cultura da violência instalada em parcela da população, que parte para a agressividade sob o estímulo da impunidade vista como regra. Trata-se de tarefa que deve envolver a todos, inclusive a população, no esforço conjunto de melhorar a qualidade de vida sequestrada pela insegurança. Mas cabe ao governo do Estado, em parceria com os municípios, a missão de atuar com afinco e eficiência, adotando medidas transformadoras que possam ir além de impactos momentâneos e imagens para a comunicação oficial. Afinal, os números traduzem uma realidade que permanece à espera da mudança.