FÓRUM DE DAVOS

A economia em seu lugar

No mais importante encontro anual sobre a economia global, o mundo se defronta com a urgência de temas como a transição energética e a desigualdade

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JC

Publicado em 16/01/2024 às 0:00
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Começou ontem e vai até a próxima sexta-feira o tradicional Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça. Na variada pauta dos encontros, como não poderia deixar de ser, a economia tem a chance de retomar o compromisso não amarrado no mais recente evento de cúpula sobre a mudança climática, em Dubai, estabelecendo metas e acordos concretos para a redução do uso de fontes fósseis, especialmente as baseadas no petróleo, e para a ampliação da energia limpa, com investimentos em geração a partir dos ventos e da luz solar, por exemplo. Depois da frustração repetida na diplomacia do meio ambiente, o pragmatismo econômico se apresenta como uma alternativa de aceleração na evolução da matriz energética.
Se a crise climática se impõe como urgência, não é a única. Desafio histórico da globalização excludente que traz raízes do modelo colonialista de séculos atrás, a desigualdade entre os povos, e dentro de uma mesma nação, não tem como ser ignorada como pauta prioritária. Organização independente sem fins lucrativos, a Oxfam está recomendando aos participantes do Fórum, membros da elite em seus respectivos países, que tracem estratégias para conseguir, pelo menos, diminuir a desigualdade ao nível proposto pelo vencedor do Prêmio Nobel, Joseph Stiglitz, para quem os 40% mais pobres devem concentrar a riqueza equivalente à possuída pelos 10% mais ricos. Em seu último relatório, a entidade aponta que, no Brasil, desde 2020, quatro dos cinco bilionários existentes aumentaram a fortuna em mais de 50%, enquanto 129 milhões de pessoas ficaram mais pobres. Mais de um quarto dos ativos financeiros pertence à parcela de 0,01% da população.
Infelizmente, nem o presidente da República, nem o ministro da Fazenda, estarão presentes em Davos este ano, oferecendo as perspectivas do Brasil em favor dessa diretriz, já defendida pelo governo brasileiro. Lula e Haddad preferiram cumprir agendas domésticas, mais relacionadas à política. O papel caberá a Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, voz internacionalmente respeitada como liderança em prol do desenvolvimento sustentável. Outros ministros e funcionários graduados compõem a comitiva. A ausência de Lula copia um esvaziamento sincronizado: os presidentes dos EUA, da China, da Índia, da Alemanha, do Japão e da Inglaterra também não irão. Emmanuel Macron, da França, e o recém-eleito Javier Milei, da Argentina, estão entre os confirmados.
O presidente argentino, declarado anarcocapitalista, não vai gostar das sugestões da Oxfam para equilibrar a distribuição de riqueza no planeta. O primeiro passo, para a entidade, seria revigorar o Estado, com serviços públicos eficientes, e maior regulação do setor privado em direção ao bem comum. Além disso, prega elevar a taxação dos mais ricos e reformular os negócios priorizando empreendimentos sociais. Seja como for que a elite em Davos resolva encarar o problema, um senso do inadiável cerca a edição do Fórum em 2024, tanto para a crise climática, quanto para a crise da desigualdade global.

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