Para preservar e difundir
Criação de um Centro de Interpretação na cidade visa ampliar a informação disponível sobre a importância de se cuidar de um patrimônio histórico da humanidade
A preservação histórica na era da comunicação digital não prescinde da interação entre as pessoas, nem da oportunidade de se transmitir o patrimônio físico como parte de uma realidade dinâmica, inserida na cultura que se vivencia e se renova diariamente. Polo de um dos mais badalados Carnavais do Brasil, repleto de endereços seculares e com rica tradição cultural, Olinda vai ganhar um Centro de Interpretação, lugar que terá o objetivo de integrar ações de preservação com a difusão da importância do patrimônio como valor a ser defendido pelos cidadãos, habitantes ou visitantes da cidade.
A iniciativa é do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e da Organização das Cidades Brasileiras Patrimônio Mundial (OCBPM). Está em pauta a elaboração de 16 projetos espalhados pelo país, em sítios históricos declarados patrimônios pela Unesco. No escopo do que se pretende implantar também está a melhoria da sinalização turística dos lugares, facilitando a comunicação e a identificação do público. Cada município poderá ter a sua solução específica para a implantação do Centro, por isso as entidades vão realizar reuniões nos estados, para que os projetos sejam diferenciados de acordo com as características de cada lugar.
Equipamentos culturais dotados de estruturas tecnológicas favoráveis à interação com os visitantes, os Centros de Interpretação devem conferir movimento à história preservada, buscando ao mesmo tempo disseminar a informação e promover a conscientização a respeito do patrimônio histórico. O fortalecimento da experiência com a cultura local é o principal atrativo dos Centros, que poderão ser construídos em prédios tombados, a partir das demandas apontadas. Em Olinda, não faltam bons endereços para receber esse tipo de equipamento, que irá requerer do poder público municipal o devido cuidado, em sintonia com a agenda da cidade e os objetivos comuns de preservação.
Além do evidente papel turístico, um Centro de Interpretação serve para despertar “orgulho, identidade e memória” na população local, nas palavras do consultor da OCBPM, Antonio Ponte, para quem a percepção dos valores do patrimônio precisa ser incutida ou ampliada nas pessoas que moram ao seu redor, em sua vizinhança. Olinda é patrimônio mundial reconhecido pela Unesco há mais de 40 anos, mas ainda carece de estruturas adequadas ao desfrute da história, no presente, pela população e pelos turistas. A designação implica em responsabilidade ainda maior para os gestores públicos municipais, estaduais e até nacionais, uma vez que se associou à cidade um caráter de relevo para toda a humanidade, que deve ser não apenas resguardado, mas repassado às atuais e futuras gerações em sua integridade. Entre os locais que poderão receber os novos equipamentos no país estão, além de Olinda, o Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, os centros históricos de Diamantina e Ouro Preto (MG), de Salvador (BA) e São Luís (MA), o Plano Piloto de Brasília, e o Santuário do Bom Jesus do Matozinhos, em Congonhas, também em Minas Gerais.