UCRÂNIA

Destruição, mortes e fuga em massa

Dois anos depois da invasão russa, o cenário de ruínas mostra o preço da resistência

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JC

Publicado em 26/02/2024 às 0:00
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Com apoio financeiro minguante, apesar dos bilhões de dólares que continuam sendo despejados em armas pelos Estados Unidos e pela Europa na defesa dos ucranianos contra a invasão da Rússia, o presidente Volodimir Zelenski mantém o propósito de resistir, até que o exército de Vladimir Putin se retire do território da Ucrânia. Segundo Zelenski, o conflito que dura dois anos já tirou a vida de 31 mil soldados de seu país. Uma porção considerável das terras ucranianas se encontra em domínio russo – pouco menos de 20%, segundo estimativas recentes. Várias cidades em ruínas e milhões de fugitivos que migraram para outros países completam o cenário da destruição em andamento, enquanto o presidente ucraniano deposita nos cofres do Ocidente a esperança de prolongar a guerra e não permitir o controle da nação pela Rússia.
A presença de líderes europeus em solo ucraniano, há poucos dias, tentou passar a imagem simbólica de alinhamento contra os russos, numa postura reforçada pelo anúncio de novas sanções econômicas ao país de Putin. Mesmo sem integrar oficialmente a Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN, a Ucrânia vem conseguindo acordos militares com alguns países, no sentido de receber mais armamentos e treinamento para suas tropas. Na medida em que o tempo passa, as diferenças ocidentais com a Rússia de Putin se ampliam, transformando a Ucrânia num barril de pólvora de proporções globais. Além disso, em ano de eleição presidencial nos EUA, a conjuntura externa à Casa Branca, propícia a narrativas que exaltam o poder militar norte-americano, se torna delicada, quando o inimigo tem o porte da segunda maior potência nuclear do planeta.
O problema que não é pequeno ganha dimensões de alerta com a identificação do Irã, da Coreia do Norte e da China como aliados que suprem a Rússia de armas e recursos financeiros, em vista das sanções econômicas em vigor contra o Kremlin. O que pode vir dessa linha de separação cada vez mais enfatizada chega a assustar o mundo inteiro, numa eventual guerra entre potências detentoras de mísseis atômicos. A perspectiva de paz longe do presente desenha um cenário global que se acirra em torno da indústria armamentista, deixando de lado – e alargando – as tragédias humanitárias da fome e da miséria, além de reduzir a tolerância dos governos nacionais com os migrantes expulsos de seus lares. Dois anos depois da invasão russa à Ucrânia, o mundo é um lugar pior, sem horizonte de paz à vista.
A tentativa de elevar o preço da guerra para Putin, através das sanções, não tem encontrado o efeito esperado. Enquanto isso, a ajuda militar à Ucrânia fica muito mais cara, consumindo bilhões de dólares, demandando intensas articulações e complicados cálculos políticos. Para o povo ucraniano, o custo é incalculável, na agonia de um país em chamas, sem tempo para sequer imaginar o futuro que virá.

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