Desaceleração do PIB
Estimativa do BID vislumbra uma queda no crescimento econômico brasileiro para este ano, em média abaixo da América Latina
Em um país de dimensão rica e base pobre, entre as grandes economias do mundo e, ao mesmo tempo, com a maioria da população esmagada socialmente por um dos mais evidentes níveis de desigualdade, também, do mundo, alcançar um patamar alto e estável de desenvolvimento precisa ser uma meta coletiva. Traçada e cumprida ao longo de sucessivos governos, seja de quais partidos forem os governantes. O Brasil espera há décadas por um projeto de nação que leve em conta a plena evolução dos potenciais econômicos, na entrega de melhores indicadores de desenvolvimento humano, sem os quais continuaremos soterrados na areia movediça do crescimento baixo e desigual.
Num cenário ainda de recuperação depois da depressão da pandemia, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro pode crescer praticamente a metade, em 2024, do que cresceu em 2023, numa projeção de 1,5% para este ano, em comparação com 2,9% do ano passado – que já não foi lá essas coisas para um país como tantas demandas. A estimativa é do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Em tal cenário, o país ficaria um pouco abaixo da média esperada para a América Latina e Caribe, que é de 1,6% de crescimento. No ano passado, a média latino-americana foi menos que a brasileira, de 2,1% - o que significa que a desaceleração brasileira será maior, caso se concretize, do que a média dos países da região.
Outra potência regional, o México pode experimentar uma variação positiva no PIB de 2,1% em 2024, um ponto percentual a menos do que cresceu no ano passado. Há uma sintonia para baixo na expectativa projetada pelo PIB, em função de uma economia global reprimida por conflitos bélicos crescentes, que influenciam na tomada de decisões dos grandes atores privados e dos governos de todos os países, em especial dos mais ricos. O desafio estrutural da pobreza no continente se depara, ainda, com os efeitos das mudanças climáticas, que afetam as economias e geram novas demandas para os governos.
As projeções da entidade enxergam um crescimento de 2% para o Brasil e de 2,3% para o continente em 2025. Em um cenário pessimista, o PIB pode encolher até voltar a subir em 2026, a depender do contexto global. O meio ambiente é um fator de destaque cada vez mais presente na conjuntura econômica, o que não é desprezado pelo relatório do BID. Mas para buscar a prevenção contra os efeitos em volta, os países da América Latina e do Caribe devem, segundo a instituição, investir em reformas para elevar a produtividade. Sem surpresa, as sugestões para tanto incluem educação de qualidade, incentivo aos pequenos empreendedores, ampliação do crédito e atração do capital externo.
A desaceleração do PIB, numa região que enfrenta a miséria e o empobrecimento da classe média, e num país em que o futuro nunca chega, como o Brasil, impõe aos governos da hora a urgente missão de buscar políticas articuladas de desenvolvimento, para reverter a curva da economia em queda, e promover conquistas sociais duradouras.