ESSEQUIBO

Maduro e a Venezuela imperialista

Desprezando a soberania de um país vizinho e seguindo os passos do mau exemplo da Rússia, o presidente Nicolás Maduro ameaça a América do Sul

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JC

Publicado em 05/04/2024 às 0:00
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Como se fosse a vontade coletiva, uma cerimônia no parlamento venezuelano marcou a promulgação de uma lei para anexação de dois terços da Guiana à Venezuela, num movimento expansionista característico de regimes imperialistas. O presidente Nicolás Maduro, que não se cansa de criticar os “imperialistas norte-americanos”, considera o território de Essequibo de posse venezuelana, passando por cima do governo e da soberania da Guiana, como se o lado “conquistado” fosse apenas um detalhe. Qualquer semelhança com o exemplo da Rússia sobre a Ucrânia não é mera coincidência, e não seria estranho imaginar que Maduro espera contar com Moscou para levar adiante o seu novo império.
A disputa econômica de Essequibo, após a descoberta de reservas de petróleo, está por trás do teatro político, mas as consequências do espetáculo venezuelano podem ser perigosas para o continente, além de colocar o seu povo em risco por um delírio totalitário. Embora tenha prometido não utilizar a força para consumar a anexação, o presidente Nicolás Maduro não cessa de acusar os EUA de controlarem a região, antecipando a justificativa para a entrada de tropas, ou mesmo ataques à área, o que suscitaria reações da comunidade internacional. O temor de uma escalada nos países vizinhos, entre os quais, o Brasil, abre a possibilidade de uma guerra absurda em um continente pobre, que demanda investimentos sociais e econômicos, e não, balas e bombas.
Depois de se dispor a uma solução pacífica e negociada com o governo da Guiana, Maduro anunciou como fato consumado a decisão autocrática que trata Essequibo como propriedade venezuelana. Para a Guiana, a solenidade burocrática de Caracas representa “uma flagrante violação dos princípios mais fundamentais do direito internacional”, na expressão oficial do ministério das Relações Exteriores do país. São 160 mil quilômetros quadrados que são tomados, simbolicamente, através de uma lei promulgada em outro país. Mais que violação do direito internacional, Maduro viola o bom senso e extrapola na caricatura de líder com pretensões ditatoriais, desejando se tornar uma versão latino-americana de Putin.
Tendo uma barreira florestal que pode dificultar ou até inviabilizar a invasão pela fronteira, no estilo Putin, a Venezuela terá que esclarecer ainda como pretende “tomar posse” do território que declara como sendo seu. Sem estradas para a Guiana, saindo de lá, os venezuelanos iriam precisar da autorização – em tudo temerária – do Brasil para invadir Essequibo por terras brasileiras. O governo brasileiro já afirmou que não cogita essa possibilidade, mas a amizade de Maduro com Lula deixa sempre um suspense no ar. Prevalecendo a sensatez, os blindados que estão protegendo a fronteira, a fim de impedir qualquer tentativa da maluquice venezuelana, devem continuar desestimulando uma invasão.
Restaria a Maduro as opções de ataque aéreo ou pelo mar do Caribe, desencadeando um risco de proporções incalculáveis para o continente. Tal insanidade precisa ser contida. A brincadeira imperialista da Venezuela não pode prosperar.

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