SANEAMENTO BÁSICO

Duas cidades entre as 20 piores

Posições de Jaboatão e Paulista no ranking do Instituto Trata Brasil recordam o quanto Pernambuco precisa avançar na questão

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JC

Publicado em 10/06/2024 às 0:00
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Em uma análise dos 100 municípios mais populosos do país, duas grandes cidades da Região Metropolitana do Recife aparecem na parte de baixo do ranking de saneamento. Foram levados em consideração fatores como o abastecimento de água, o tratamento de esgoto e as perdas durante a distribuição da água. Em 87ª posição está Jaboatão dos Guararapes, e em 83ª, Paulista. Nenhuma cidade pernambucana figura entre as 20 com melhores condições de saneamento, o que vem revelar, mais uma vez, o atraso do estado em relação aos investimentos necessários para ampliar e aperfeiçoar os serviços, básicos para a qualidade de vida da população.
A melhoria do que não está bom salta aos olhos como demanda, por exemplo, também na capital, quando o exame se faz sobre as perdas na distribuição de água. Recife e Jaboatão se encontram entre as 10 piores no desperdício de água para as residências. É urgente que o processo de abastecimento corrija falhas pelo caminho, ganhe mais segurança contra as ligações clandestinas, e eficiência para a coletividade atendida. O índice de perda na capital pernambucana chega a 60%, fazendo a cidade estar em 94ª posição, enquanto Jaboatão amarga o antepenúltimo lugar, na 98ª posição, com quase 70% de perdas. São dados graves que deveriam envergonhar qualquer governante e gestor público – e devem envergonhar, de fato, estimulando as medidas para que a situação seja logo revertida.
O retrocesso de Paulista e de Petrolina no ranking, em comparação ao divulgado no ano passado, lança o alerta para uma compreensão acurada do que está ocorrendo em todo o estado, com destaque para Jaboatão, relacionada entre as 20 piores da década. A exceção positiva vem de Caruaru, onde o percentual de perda já é menor que os 25% estipulados como meta pelo governo federal. Embora as realidades sejam diversas, e as configurações dos municípios também, é importante buscar parâmetros que sinalizem a direção dos investimentos a serem feitos nos próximos anos, a fim de retirar os pernambucanos dessa condição.
Há muito a ser feito em saneamento no Brasil inteiro. São 90 milhões de cidadãos sem acesso a esgoto, e 32 milhões desprovidos de volume adequado de água potável. A disponibilidade de água limpa e de esgoto são tidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) como direitos fundamentais de cada ser humano. Mesmo assim, um quarto da população planetária não possui acesso à água potável, e quase a metade não dispõe de esgoto – em um total de mais 8 bilhões de pessoas, é muita gente exposta a doenças, graças ao risco ampliado pela falta desses serviços. Ao trazer o déficit global para as realidades locais, o Instituto Trata Brasil aproxima a estatística do sofrimento de quem passa pela privação dos direitos desrespeitados.

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