Governos em sintonia

Sem se confundir com alinhamento partidário, relação amistosa entre as esferas da gestão pública facilita o trabalho em prol da população

Publicado em 04/07/2024 às 0:00

Se não forem do mesmo partido, prefeitos, governadores e presidente da República costumam fazer questão de mostrar distanciamento, e até mesmo ressaltar posições que se chocam em discursos e ações de pouca ou nenhuma colaboração. E de tal maneira se construiu esse costume na política brasileira, que o passo lento no desenvolvimento do país, assim como a manutenção da desigualdade entre os estados, podem ser melhor compreendidos sob a ótica da má vontade entre governantes que misturam a política de Estado – o interesse coletivo – com a política partidária, de interesses de ocasião que atrapalham o cumprimento dos desígnios das políticas e promessas em favor da população.
A visita do presidente Lula, esta semana, ao Recife, trouxe mais uma vez a Pernambuco a mensagem da convivência harmoniosa que deveria pautar, sempre, as relações entre os níveis de poder no Brasil. Em nova demonstração pública de civilidade, o chefe do Executivo federal se encontrou com a governadora Raquel Lyra e com o prefeito do Recife, João Campos, para a divulgação de projetos para os pernambucanos. Foram anunciados recursos para a expansão de um dos símbolos da economia estadual há décadas, o complexo industrial e portuário de Suape. O presidente e a governadora deram a notícia da construção de duas maternidades de grande porte. Com o prefeito do Recife, Lula sinalizou a entrega de conjuntos habitacionais prometidos há 15 anos. E começou a entregar indenizações a proprietários de prédios-caixão que esperavam há 30 anos pelo dinheiro.
Sim, presidente, o povo não precisava ter esperado tanto para receber a indenização de direito. “Quando o Estado está preocupado em resolver os problemas das pessoas, não existe problema que não seja resolvido”, afirmou, nesta passagem pela capital pernambucana, mencionando a articulação que envolveu a Advocacia-Geral da União, a Caixa Econômica Federal, o governo de Pernambuco e as empresas de seguro da Caixa. Infelizmente, a história brasileira tem registrado o desinteresse como regra, seja na desarticulação e na desarmonia entre os níveis de governo, seja no descaso em relação a programas e projetos que vêm de gestões anteriores, ou ainda, na falta de prioridade que une a todos – como no caso, cansativo, do Metrô do Recife, entregue ao caos e à decadência por anos a fio, sem que os governantes de qualquer esfera se importem com a crise prolongada no transporte público da Região Metropolitana.
Para a população brasileira em geral, incluindo os pernambucanos, que por tanto tempo sofreram com a desarmonia entre os líderes do Planalto e do Campo das Princesas, a regra é o inverso: quando o Estado não está preocupado em resolver os problemas das pessoas, não existe problema que seja resolvido. É, portanto, um alento, reconhecer na boa relação entre os governos federal, estadual e da capital, a partir do comportamento de Lula, Raquel e João, um sinal de maturidade política e disposição para fazer o que importa, na direção conjunta do bem coletivo.

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