Recuperação do PIB

Crescimento acima da média nacional no segundo trimestre é bom sinal para a economia do estado, que tem um longo caminho de renovação pela frente

Publicado em 14/09/2024 às 0:00

A perda de competitividade das empresas pernambucanas, a falta de atratividade para investimentos e a queda acentuada nos indicadores sociais, foram fatores que contribuíram para a mudança política consumada nas eleições para o Palácio do Campo das Princesas, dois anos atrás. Com altos índices acumulados de miséria e desemprego, além de baixa capacidade de atendimento a serviços básicos, como esgotamento sanitário, transporte, saúde e segurança, os pernambucanos clamaram por uma renovação política que culminou na ascensão de Raquel Lyra e Priscila Krause ao governo do Estado. As duas primeiras mulheres a assumirem a responsabilidade coletiva pela gestão do Executivo em Pernambuco, certamente, não deixam de ser lembradas todos os dias de sua missão, tanto pelos cidadãos, quanto pelo setor produtivo, à espera de bons resultados.
Embora o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) não dependa exclusivamente das ações governamentais, sendo função também de questões alheias à gestão pública, como a conjuntura nacional e global, e até os fenômenos extremos do clima, a exemplo do que houve no Rio Grande do Sul no começo do ano, há que se prestar atenção no PIB. Pois o atraso da economia pernambucana, ao longo de muitos anos, requer a travessia de recuperação em patamares que voltem a se apresentar maiores do que a média do crescimento nacional – e de estados vizinhos, para retomarmos o protagonismo perdido na região. E com isso, restaurar a importância da voz política de Pernambuco no cenário brasileiro.
O crescimento oficial do PIB no segundo trimestre deste ano, de acordo com o governo do Estado, foi de 4,1%, em relação ao mesmo período em 2023. Em comparação, o PIB médio do Brasil cresceu 3,3% nesses doze meses. A notícia é boa, pois representa um avanço na trajetória observada em anos anteriores. Sobretudo no segmento da agropecuária, com aumento superior a 22%, puxando os demais setores, mesmo com participação pequena no PIB. Se mantiver a tendência, e confirmar a projeção revisada do PIB nacional para encerrar 2024 com 3,2% de crescimento, Pernambuco pode ensaiar a tão aguardada retomada, desde que volte a crescer em níveis maiores do que a média do país e do Nordeste. Essa é a compreensão do governo estadual, expressa pelo secretário de Planejamento, Fabrício Marques.
Mas a expectativa apenas poderá se transformar em realidade se os investimentos públicos e privados aumentarem, a conjuntura nacional for favorável, e as condições estruturais do ambiente de negócios em Pernambuco melhorarem. Com celeridade nas decisões e ações de governo, e efeitos mais rápidos para a população, a competitividade poderá se beneficiar, assim como as consequências sociais de um ciclo positivo, na geração de emprego e no aumento de renda para os cidadãos. Para superar o longo ciclo que ainda domina as consequências no presente, é preciso semear o futuro agora, com a clareza de que somente a abertura de oportunidades será capaz de alterar, nos próximos anos, a agonia da decadência pernambucana.

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