Desembarque de oportunidades

Recorde de turistas internacionais em 2024 resgata os potenciais da diversidade brasileira e amplia chances para o desenvolvimento local

Publicado em 03/01/2025 às 0:00
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Em cada estado brasileiro, a história e o dinamismo cultural listam motivos de atração para quem vem de fora – seja de outros lugares do país, ou de qualquer parte do mundo. Do Rio Grande do Sul ao Amazonas, de São Paulo ao Maranhão, do Pantanal ao litoral nordestino, a diversidade é o mote para a exploração dos turistas. Com a recuperação dos fluxos e a reestruturação dos destinos, no ano passado, em quase todo o planeta, após a crise da pandemia de Covid, o reaquecimento das viagens tem trazido ondas crescentes de visitantes estrangeiros ao Brasil.
Nem no ano da Copa do Mundo de futebol, em 2014, nem no das Olimpíadas no Rio de Janeiro, em 2016, houve tanta gente de fora no país, quanto em 2024. Foram 6,6 milhões de estrangeiros chegando ao país para estadias de negócios ou de lazer. A meta do Plano Nacional de Turismo é alcançar o número de 8 milhões de turistas internacionais até 2027. O que pode não ser fácil, pois apesar do crescimento, o resultado de 2024 é pouco maior do que o de 2018, último ano referencial de recorde na entrada de estrangeiros no país, antes da pandemia. Além disso, os gargalos de infraestrutura permanecem, exigindo de gestores locais a intensificação das condições de recepção, que incluem medidas rotineiras como limpeza, iluminação e, sobretudo, segurança para os turistas, que gostam de apreciar o cotidiano da população – para a qual essas demandas precisam ser cumpridas, em primeiro lugar.
A integração da estratégia de atração na América do Sul faz parte dos esforços do governo federal para atrair o turista estrangeiro, assim como a promoção dos destinos brasileiros em eventos de negócios turísticos em diversos países. Um exemplo é a iniciativa que une Brasil, Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai na campanha “Visit South America: Um lugar, vários mundos”, com o objetivo de chamar a atenção para a diversidade presente no continente, num roteiro único de viagem. Quanto mais os países sul-americanos buscarem esse compartilhamento do interesse do turista estrangeiro, melhor para o desenvolvimento de todos.
As oportunidades criadas pelo turismo são importantes em qualquer canto, sendo a base da riqueza local em muitas cidades. Daí a importância do suporte estrutural às manifestações culturais e ao empreendedorismo voltado para o aproveitamento dos fluxos turísticos. Sem condições adequadas de mobilidade, por exemplo, o visitante vai procurar outro lugar, num mercado altamente competitivo onde o bem-estar de quem chega deve estar atrelado ao bem-estar de quem recebe.
A busca por destinos relacionados à beleza natural, como as praias e áreas verdes, depende do planejamento que garanta a sustentabilidade da visitação, sem prejuízos ao meio ambiente, à biodiversidade e às comunidades. Com investimentos corretos e responsabilidade, o Brasil tem tudo não apenas para bater a meta dos 8 milhões de estrangeiros visitantes num ano, mas ir muito além – em especial se melhorar a infraestrutura e aumentar a capacidade receptiva, a fim de suscitar um ciclo de desenvolvimento diferenciado para a região Nordeste.

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