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Editorial JC: Enfim o cessar-fogo?

Governo de Israel e líderes do grupo terrorista Hamas entram em acordo de pausa nas mortes e na destruição de um lugar que já está em ruínas

Publicado em 16/01/2025 às 0:00 | Atualizado em 16/01/2025 às 6:47
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Foram necessários mais de 45 mil mortos e um cenário devastado pelas bombas, na Faixa de Gaza, em longos 15 meses de violência e insensatez. O anúncio de um cessar-fogo entre Israel e o Hamas já era esperado há meses, apesar das dificuldades da negociação de paz entre o governo de Benjamin Netanyahu e os terroristas que deram início ao revide israelense, após um atentado coordenado e cruel do Hamas, que matou 1.300 cidadãos e fez dezenas de reféns capturados, em Israel, e levados para Gaza.

No acordo, caso venha a ser respeitado e cumprido, as ruínas do território palestino serão palco de trocas de reféns e de prisioneiros, e não mais de mísseis e balas. A retirada das tropas israelenses que estão no local também é aguardada, embora não se saiba quais planos Netanyahu alimenta para a relação com os palestinos, depois de mais esse conflito sangrento na história dos dois povos.

O cessar-fogo, que veio a público pelo Qatar, logo confirmado pelos Estados Unidos, somente entra em vigor no próximo domingo, um dia antes da posse de Donald Trump na Casa Branca, pela segunda vez. A coincidência de datas certamente será utilizada pelo republicano, que já declarou ter sido o acordo consequência de seu retorno ao poder nos EUA.

O processo diplomático extenuante para a suspensão dos ataques e a preservação da vida dos reféns, no entanto, pouco teve a participação dele, e vem se desenrolando praticamente desde o início, com intensificação gradual diante dos ataques de Israel sobre os palestinos. Por mais que os objetivos tenham sido atingir o Hamas, não morreram 45 mil terroristas – a maioria das vítimas, fatais e feridas, aliás, foi de mulheres e crianças que não integravam o grupo.

Esperança de dias melhores

A realidade do conflito em Gaza pede cautela, inclusive, na hora em que um cessar-fogo é divulgado. O governo israelense foi o último a se manifestar, e declarou oficialmente que há detalhes ainda a serem resolvidos nos próximos dias. O importante a essa altura, além de conceder esperança a palestinos e israelenses, é que a interrupção da matança signifique, de fato, a suspensão do ódio atiçado por líderes políticos e terroristas bárbaros, desenvolvido entre parcelas dos dois povos. A paz no Oriente Médio depende da convivência numa terra considerada sagrada, mas que não parece tratada como tal, sendo frequente tapete natural para banhos de sangue e demonstrações de desumanidade.

A Organização das Nações Unidas prepara a entrada de comboios de ajuda humanitária para os ilhados moradores de Gaza. O mundo nutre a expectativa de restauração das condições básicas de sobrevivência na área, que se transformou em terra arrasada pelos bombardeios. Do lado de fora, a dúvida é saber como será a reconstrução de Gaza, bem como a renovação institucional da Autoridade Palestina. Do lado de dentro, o que estarão sentindo e pensando os palestinos sobreviventes, num celebrado cessar-fogo em meio à vasta destruição?

Confira a charge do JC desta quinta-feira (16)

Thiago Lucas
PIX: governo revoga mudança nas regras da Receita Federal após fake news - Thiago Lucas

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