Editorial JC: RMR sem rumo

Ineficiência e desorganização do transporte coletivo na Região Metropolitana do Recife é sintoma de urgente necessidade de melhor governança

Publicado em 23/01/2025 às 0:00 | Atualizado em 23/01/2025 às 6:54
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Os passageiros não vão a lugar nenhum. Os profissionais cruzam os braços. As empresas prestadoras de serviços reclamam da gestão pública, e a gestão pública aponta a desordem na comunicação das empresas com seus colaboradores e com os usuários. Melhor para os aplicativos de transporte, que faturam cada vez mais em cima da bagunça em que se transformou o sistema de transporte coletivo no Recife e nas cidades ao redor, que compõem a Região Metropolitana – um lugar sem metrô que preste, nem linhas de ônibus de qualidade e com a segurança que a população que se desloca todos os dias entre as cidades merece.

A desorganização no pagamento da quinzena salarial – compromisso totalmente previsível – foi o mote da paralisação que atrapalhou a vida de milhares de pessoas, em mais um dia de caos devido aos maus serviços de transporte público em Pernambuco. Pelo visto, um problema de gestão que tem raízes múltiplas, mas com pelo menos uma fácil de enxergar – a falta de planejamento e governança metropolitana no transporte coletivo, a exemplo de outras áreas e demandas da população.

Enquanto a gestão metropolitana não for uma solução e um consenso para as prefeituras e o governo do Estado, o cidadão metropolitano continuará sofrendo as consequências do abandono do planejamento e da inexistência da governança que poderiam melhorar muito o cotidiano dos pernambucanos – e dos turistas que também circulam, ou tentar circular, nas cidades da RMR, sobretudo agora, em alta estação, às raias do Carnaval.

Transtornos 

Os terminais e as paradas de ônibus ficaram cheios de gente à espera de veículos que só voltaram a se movimentar no decorrer do dia, fazendo com que muitos perdessem, compromissos, consultas, atividades de trabalho. O transtorno generalizado requer a apuração da interrupção dos serviços, de modo a se estabelecer as responsabilidades e devidas punições pelo que sofreu a população. Ou as empresas assumem o seu papel, pondo os usuários em primeiro lugar, e cumprindo com todas as obrigações junto aos colaboradores, assim como buscando melhorias nos veículos e no transporte, ou o governo estadual, que permite o serviço, deve atuar com vigor para os ajustes necessários. O que não pode é continuar tudo caótico como se encontra.

Envolvimento municipal 

Como o Sistema Jornal do Commercio de Comunicação vem destacando, a governança metropolitana pode fazer desse e outros problemas muito mais acessíveis, com efeitos benéficos mais rápidos para a população. Para tanto, o envolvimento dos municípios e do governo estadual é imprescindível, junto aos gestores privados, a fim de prevenir questões que têm levado a paralisações, e sobretudo, de oferecer um transporte público de qualidade para a população pernambucana. Sem pensar no transporte como assunto metropolitano, fica muito mais difícil a sua compreensão, controle e entrega decente para a coletividade.

Confira a charge do JC desta quinta-feira (23) 

Thiago Lucas
O sofrimento diário da população - Thiago Lucas

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