A Polícia Civil de Pernambuco apreendeu mais de 150 aparelhos eletrônicos roubados ou furtados que seriam revendidos ilegalmente na manhã desta quinta-feira (5), durante a deflagração da operação Receptação. As investigações da operação vinculada à Diretoria Integrada Especializada (DIRESP) tiveram início em fevereiro de 2019 e, segundo os delegados responsáveis, devem continuar. Foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão, sendo sete no Recife e um em Caruaru, em quatro endereços comerciais e quatro residenciais.
Entre os aparelhos revendidos, estava o celular de um juiz de São Paulo. A polícia informou que o aparelho foi recuperado e devolvido ao dono.
Alguns dos aparelhos apreendidos ainda estavam lacrados na caixa e, por isso, a polícia também investiga se há envolvimento do grupo com roubos de carga.
O grupo criminoso é investigado pelos crimes de receptação qualificada, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Segundo o delegado Jean Rockfeller, diretor da Diresp, os aparelhos apreendidos representam mais de R$ 500 mil. “ Apreendemos, além de celulares, computadores de marcas caras, que custam mais de R$ 10 mil. Todo esse material apreendido vai passar por perícia. São muitas contas bancárias, muito dinheiro apreendido e a investigação vai evoluir”, contou Rockfeller.
A polícia acredita que o resultado da operação Receptação desencoraja esses tipos de crime, uma vez que atinge desde quem vende até quem compra os aparelhos roubados.
A operação Receptação
O ponto de partida da operação foram denúncias de pessoas que tiveram aparelhos celulares roubados ou furtados. “Começamos a checar onde estavam sendo utilizados esses aparelhos, chegamos até as pessoas que estavam utilizando os aparelhos que haviam sido furtados ou roubados e desbloqueados indevidamente e então conseguimos identificar algumas lojas que revenderam esses aparelhos”, detalhou o delegado Eronides Meneses, titular da Delegacia de Crimes Cibernéticos.
Depois desta etapa, a polícia notificou as empresas fabricantes e conseguiu identificar que as lojas ilegais conseguiam desbloquear os aparelhos utilizando logins, senhas e outros recursos, mas acabavam deixando rastros. “São muitas informações que nós solicitamos por ofício e precisamos aguardar a resposta, mas está tudo comprovado, o envolvimento das lojas no desbloqueio e na revenda dos equipamentos”, disse.
Ainda de acordo com o delegado, os suspeitos envolvidos neste processo também cometiam crime cibernético, de invasão de dispositivo informático pessoal. “Eles mandavam uma isca para a pessoa (o proprietário original, que teve o aparelho roubado ou furtado), como um site falso da empresa fabricante, informando que o aparelho foi localizado, então as pessoas clicavam, preenchiam login e senha e com isso eles conseguiam resetar a informação que tinha no aparelho e conseguiam acessar. Com isso também eles visualizavam redes sociais das pessoas, e-mails. Teve aparelho que veio de São Paulo e com poucos dias já estava sendo vendido”, acrescentou Meneses.
Roubo, furto, desbloqueio e revenda
A polícia ainda investiga se os suspeitos que revendiam os aparelhos também estavam envolvidas com as etapas de roubo e se o grupo tinha alguma forma de controlar que tipos de aparelhos estariam a disposição para venda.
“Isso ainda está sendo verificado (as encomendas de aparelhos específicos). Ao que tudo indica, tem essa possibilidade sim, porque durante a investigação nós percebemos que eles agendavam ou perguntavam qual produto a pessoa queria e diziam que teria só na próxima semana ou poucos dias depois. A gente vai investigar para saber como é que eles chegavam nesses aparelhos e com um tempo tão específico”, explicou.
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