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Tá achando o Recife quente? Calor deve seguir forte por mais tempo

Temperaturas do mês de março já superaram a média climatológica

Manuela Figuerêdo
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Manuela Figuerêdo
Publicado em 10/03/2020 às 10:04 | Atualizado em 10/03/2020 às 11:00
Foto: Pascal Pavani/ AFP
População europeia começa a aceitar que o calor pode ser o clima normal no continente - FOTO: Foto: Pascal Pavani/ AFP

No verão, estação que vai de dezembro até março, o calor é uma sensação comum, mas no verão recifense, o calor parece estar ainda mais intenso. Os dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) mostram que a média de temperatura climatológica para o mês de março, é de 30,1ºC. Com menos de 10 dias do mês, em 2020, a temperatura já alcançou 34,6º C no dia 5 e 34,1º C no dia 6. 

O dia 5 de março já é a segunda maior temperatura já registrada no mês de março, desde 1987. A temperatura mais alta registrada no mês durante o período de 1987 e 2010 foi em 1988, chegando aos 35,1ºC. A terceira temperatura foi no ano passado, que chegou aos 34,8ºC. Em fevereiro deste ano, a temperatura máxima média - de 30,6° -, também foi superada: os termômetros marcaram em média 32,1°C.

Embora seja conhecido por altas temperaturas, a sensação térmica no verão pode ser intensificada pela falta de arborização e verticalização da cidade, como explica Mayte Coutinho, meteorologista do Inmet. Entretanto, além do próprio fator da estação, a especialista explica que o sistema de vórtice ciclônico de altos níveis (VCAN) está próximo do litoral do Recife e interferido na sensação térmica, seja de manhã ou de noite. 

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Vórtice Ciclônico de Altos Níveis 

Como explica Mayte Coutinho, o VCAN é "um sistema de baixa pressão e de circulação horária em altos níveis. Os VCANs são extremamente comuns no Nordeste do Brasil nos meses de verão". Quando esse sistema está atuando, o que predomina é o tempo aberto no seu centro e nublado nas bordas (norte/noroeste). Isso ocorre devido à sua localização nos altos níveis da atmosfera, que faz com que o ar que converge em seu centro não consiga ascender mais na atmosfera, sendo então forçado a descer.

Esse tipo de movimento no centro do vórtice, chamado de subsidência, dificulta a formação de nuvens, e consequentemente mantém o tempo aberto. Com a menor quantidade de nuvens, a sensação térmica será mais quente porque, segundo Mayte, a radiação vai incidir diretamente nas pessoas, que sentem com maior intensidade o calor. É isso que tem acontecido no litoral do Nordeste (Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Rio Grande do Norte). O vórtice chegou na costa litorânea do Nordeste no dia 4 e a previsão é que dure de sete a dez dias, ou seja, pode ir até o dia 14 de março, elevando a sensação térmica da cidade.

Da mesma forma que a região que se encontra no centro é afetada com menor nebulosidade, as regiões que estão nas bordas do VCAN são mais propícias a receber chuvas. É o que explica também a meteorologista. "Nas bordas, o ar não está convergindo, muito pelo contrário, ele diverge. Isso indica que há movimentos ascendentes nessa região, que são responsáveis por formar nuvens e chuva." As regiões que podem ser afetadas pelo sistema estão próximas ao sertão de Pernambuco, sendo o sul do Ceará e sertão do Piauí.

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