Transporte

Sindicato dos Rodoviários vai recorrer de decisão do TRT que proíbe a realização de assembleias

Para o presidente do sindicato, a decisão é inconstitucional

Bruna Oliveira Douglas Hacknen
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Bruna Oliveira
Douglas Hacknen
Publicado em 10/03/2020 às 18:30 | Atualizado em 10/03/2020 às 20:30
BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
Entre os dias 30 e 31/3 foram três mil profissionais demitidos. Todos os 11 operadores (incluindo os Consórcios MobiPE e Conorte, formados por duas e três empresas, respectivamente) que operam no setor de transporte da RMR promoveram demissões - FOTO: BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM

Após decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-PE), na última quinta-feira (5), determinando que as empresas rodoviárias não poderiam realizar assembleias, reuniões ou piquetes em frente às sedes e garagens das empresas de transporte público e nos terminais de passageiros, o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários Urbanos de Passageiros do Recife e Regiões Metropolitana da Mata Sul e Norte de Pernambuco informou que vai recorrer da decisão judicial.

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Segundo a determinação da desembargadora Clara Saboya, no exercício da vice-Presidência do TRT, a medida visava manter as vias públicas livres para a circulação dos ônibus e permitir que os empregados que quiserem trabalhar não sejam impedidos. 

O presidente do Sindicato dos Rodoviários, Aldo Lima, disse nesta terça-feira (10) que “a liminar é para impedir que os trabalhadores utilizem um direito constitucional, em que eles podem se organizar para reivindicar seus direitos”. Segundo Aldo, no dia 19 de março, o sindicato vai entrar com uma nova liminar para tentar derrubar a decisão do TRT e “mostrar que temos direito de realizar assembleias”.

“Houve um mandado de segurança pedindo que fosse retirado o direito de fazer assembleias setoriais e discutir a pauta da campanha salarial e, principalmente a luta contra dupla função que os empresários querem colocar bola adentro”, relatou Aldo.

Protestos

Na manhã do dia 4 de março uma assembleia foi realizada em frente à empresa Caxangá, no bairro de Peixinhos, em Olinda, na Região Metropolitana do Recife (RMR). Os ônibus não circularam e a situação só foi normalizada às 8h, quando os motoristas e cobradores retornaram às atividades. A assembleia foi realizada para discutir com a categoria a dupla função realizada pelos motoristas.

Na época, o Sindicato disse que um comunicado interno da empresa Caxangá informou que, desde o último dia 29 de fevereiro, os cobradores de várias linhas de ônibus foram retirados e, por isto, foi feita a assembleia. A empresa opera com 54 linhas, transportando 180 mil passageiros diariamente.

Já na manhã do dia 5 de março foi a vez de uma assembleia ser realizada na empresa Metropolitana. Durante a operação, os coletivos não saíram da garagem devido à mobilização. No dia o Sindicato informou que a reunião ocorre por causa do acúmulo de função por parte dos motoristas e pela demissão de cobradores. O Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE) nega que os trabalhadores estejam sendo demitidos.

Urbana

Por meio de nota, o Sindicato das Empresas de Transporte e Transporte de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE) alegou acionou a Justiça “para garantir a execução de um serviço essencial à sociedade”. O órgão reforçou que os cobradores das linhas que receberam a alteração estão sendo capacitados e aproveitados em outras funções.

Confira a íntegra

“A Urbana-PE informa que acionou a Justiça para garantir a execução de um serviço essencial à sociedade que, por razões políticas, estava constantemente sendo paralisado pelo Sindicato dos Rodoviários, resultando em prejuízos à população e à economia da Região Metropolitana do Recife.

A Urbana-PE esclarece que a mudança no procedimento de embarque vem ocorrendo de forma gradual, sem impactos à operação, e acompanha uma tendência mundial de modernização dos serviços de transporte, e que a alteração foi negociada e aprovada pelos próprios rodoviários na convenção coletiva da categoria. Esclarecemos que mais de 78% dos passageiros utilizam os cartões VEM para embarcar e a que admissão do eventual pagamento em dinheiro é uma forma de garantir uma alternativa para o embarque de todos os nossos clientes.

Reforçamos ainda que os cobradores das linhas que receberam a alteração estão sendo capacitados e aproveitados em outras funções, isto é, a mudança repercutiu em promoções e ganhos reais para os operadores.”

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