CRIME

Caso Beatriz tem quarta mudança de delegado

O crime completa cinco anos sem solução em 2020

Amanda Rainheri
Cadastrado por
Amanda Rainheri
Publicado em 16/03/2020 às 18:43
Facebook/Somos Todos Beatriz
Aos 7 anos, em 10 de dezembro de 2015, a criança foi morta a facadas dentro de uma escola particular - FOTO: Facebook/Somos Todos Beatriz

Quatro anos após o assassinato da menina Beatriz Angélica Mota, de sete anos, em Petrolina, no Sertão do Estado, o caso trocou pela quarta vez de comando. A delegada Polyanna Nery estava no caso Beatriz em caráter de exclusividade há mais de dois anos e, de acordo com a família, havia feito importantes avanços no inquérito. Agora, o caso segue sendo investigado pelos delegados Isabella Cabral Fonseca Pessoa e João Leonardo Freire Cavalcanti. 

"É preocupante a saída de Polyanna, pois a mesma tem uma linha de investigação muito forte e que acreditamos que leva à conclusão do caso", diz uma nota de repúdio publicada pela família, que se diz indignada e insatisfeita com o trabalho da Polícia Civil. Os pais de Beatriz afirmam que Nery chegou a indiciar dois funcionários do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, onde o crime aconteceu, antes de deixar as investigações. 

A nota diz ainda que a família esteve no Recife para reunião como governador Paulo Câmara, quando observou a falta de recursos e pessoal capacitado para a realização de perícias. "Pedimos ajuda diretamente ao governador para dar suporte à delegada Polyanna Nery, que vinha realizando até então um bom trabalho, como também celeridade na denúncia contra o perito Diego Leonel, que recebeu dinheiro do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora através de trabalho particular. O governador se comprometeu conosco, mas não cumpriu com nossos combinados em reunião", diz outro trecho. "Não pedimos ao governador a entrada de novos delegados. Não temos confiança na entrada de novos delegados. Não vemos isso com bons olhos", afirmam os pais de Beatriz.

De acordo com a família, o perito citado na nota teria elaborado um plano de segurança para o colégio após o crime, o que caracterizaria desvio de função. As provas colhidas pela família foram protocoladas junto à Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS). A reportagem entrou em contato com a secretaria para pedir um posicionamento sobre a investigação, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria. 

Diante do cenário, Sandro Romilton e Lúcia Mota, pais da garota, assassinada com 42 facadas dentro da escola particular em 10 de dezembro de 2015, pedem a federalização do caso. "Infelizmente existem agentes corruptos na Polícia Civil, que comprometeram o caso e principalmente a imagem da instituição", afirmou Sandro. 

O caso Beatriz já teve outros três delegados à frente das investigações: Sara Machado, Marceone Ferreira e Gleyde Ângelo. Polyanna Nery assumiu as investigações em novembro de 2017, quando o caso estava prestes a completar dois anos sem solução. 

Resposta

Em nota, a Polícia Civil afirmou que existe "total empenho na elucidação do crime, inclusive com composição de uma Força Tarefa integrada por quatro delegados designados para o caso, por determinação da Chefia de Polícia através da Portaria no 235/2019." A polícia esclareceu que Polyanna Nery, "por sua própria iniciativa e de forma espontânea" pediu afastamento do caso em fevereiro de 2020. Uma nova portaria foi instaurada e a Força Tarefa continua contando com quatro delegados, segundo a Polícia Civil. A condução do inquérito agora é de responsabilidade dos delegados Isabella Cabral Fonseca Pessoa e João Leonardo Freire Cavalcanti. 

Outros detalhes sobre a investigação não foram esclarecidos, já que o caso segue em segredo de Justiça.

Comentários

Últimas notícias