Com Estadão Conteúdo
A transmissão sustentada/comunitária do novo coronavírus (quando as autoridades não identificam mais a cadeia de infecção) em Pernambuco e em ao menos outros cinco estados brasileiros preocupa o Ministério da Saúde. Diante da situação, foram anunciadas, nesta quinta-feira (19), mudanças no protocolo de atendimento. As medidas priorizam pacientes do grupo de risco, como idosos e portadores de doenças crônicas e autoimunes, gestantes e puérperas (até 45 dias após o parto). Leia abaixo quais são:
- Qualquer pessoa com sintomas de gripe deverá ser atendida em unidades de saúde como se estivesse com a covid-19. Assim que chegarem ao posto de saúde com os sintomas de gripe, os pacientes serão encaminhados para um ambiente de isolamento respiratório, evitando a circulação e contágio local de outros pacientes.
- As pessoas com suspeita de infecção pelo novo coronavírus poderão pegar atestado médico para toda família ficar isolada. Os outros integrantes do núcleo familiar não precisarão ir até o posto de saúde pegar o atestado presencialmente.
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Depois de receberem os primeiros cuidados dos profissionais de saúde, pacientes que apresentem sintomas graves ou que atendam ao grupo de risco, serão estabilizados e encaminhados para a rede hospitalar. Já os pacientes com sintomas leves, receberão os cuidados necessários e orientações de isolamento.
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O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que o crescimento da covid-19 no Brasil tem ocorrido de forma nacional, em bloco, o que pode dificultar ainda mais o trabalho de monitoramento e controle da doença. Além de Pernambuco, os estados que registraram transmissão comunitária são Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo.
"À exceção da região amazônica, da região Norte, todas as outras regiões estão fazendo aumentos sistemáticos em bloco. O que poderia ser em uma região, me parece aumentando em bloco em todos os estados. Parece uma coisa vindo em relação a um cenário muito mais de característica nacional do que regional", avaliou Mandetta na noite desta quinta-feira (19).
Caso o aumento em bloco se repita da mesma forma na próxima semana, Mandetta avaliou que "vai ser muito mais complexo" para o governo fazer o acompanhamento da covid-19 e que será necessário ampliar o sistema pensado para a contenção do vírus.
"Estamos vendo a ponta do iceberg, embaixo têm muito mais casos. E quando a epidemia sobe no número de casos, ela é dura, letal, machuca e inviabiliza o sistema de saúde. É do comportamento coletivo que vamos ter um gráfico mais alto ou mais baixo", disse o ministro. "Se eu amanheço com sintoma, até eu saber o resultado, a probabilidade da minha mulher e do meu filho eventualmente terem se contaminado já os colocam como contágio provável. Então, eu faço isolamento da minha família", explicou Mandetta.
O ministro afirmou que o País ainda passa pelo início da epidemia e que novas medidas deverão ser adotadas posteriormente "Estamos no pé da montanha, vamos começar a subir agora", afirmou. Ele lembrou portaria editada em conjunto ao Ministério da Justiça para evidenciar a possibilidade de prisão em caso de descumprimento de orientações para isolamento ou internação.
Isolamento domiciliar
O isolamento domiciliar de pacientes sintomáticos é a principal medida de redução da transmissão do vírus, além do isolamento das demais pessoas do domicílio. O isolamento seletivo de casos e contatos é a medida mais eficaz até o momento para reduzir a propagação da doença, mantendo o funcionamento de serviços essenciais para a sociedade.
Antes das determinações, os governadores e prefeitos têm tomado medidas restritivas mais severas por conta própria. Em Pernambuco, por exemplo, o governo estadual vai fechar shoppings, bares, restaurantes e comércio de praia.
Casos confirmados do novo coronavírus
Em coletiva de imprensa, nesta quinta-feira (19), o Governo de Pernambuco anuncia que o Estado já tem 28 casos confirmados do novo coronavírus. No Brasil, são 621 casos confirmados, segundo balanço do Ministério da Saúde. Até ontem (18), o País registrava 428 casos confirmados e quatro mortes por covid-19.
Ao todo, Pernambuco já notificou 508 casos suspeitos, desde 25 de fevereiro deste ano. Desse total, além dos 28 casos confirmados, 3 são prováveis, 166 foram descartados e 311 permanecem em investigação, segundo anunciou o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo. Durante a coletiva, ele também reforçou que, apesar do impacto emocional que o momento traz, o isolamento social se faz necessário, especialmente entre os idosos.
O novo boletim aponta que os novos casos foram registrados em quatro pacientes do Recife. Também estão na relação uma pessoa de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana, e um morador do Rio de Janeiro, que teve passagem pela capital pernambucana.
Sobre uma possível paralisação das atividades, anunciada pelo Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Pernambuco (Seepe), que denuncia falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), André Longo destacou que "não é momento de paralisação" e que as equipes de saúde "precisam de união e solidariedade".
Doação
Com a corrente de solidariedade que vem se formando em torno do enfrentamento da covid-19, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Bruno Schwambach, destacou que o Governo do Estado vai instituir um fundo para que as pessoas possam contribuir doando recursos financeiros ou materiais hospitalares para o tratamento de pacientes do novo coronavírus. “Criou-se um comitê em que vai ser designado qual vai ser a destinação desses recursos de acordo com a necessidade prioritária. Com o fundo, conseguimos criar uma ferramenta muito mais ágil para que possamos ter celeridade no destino dessas doações.”
O secretário também destacou que o governo encaminhou, ao Banco do Nordeste e também ao Governo Federal, uma solicitação para a liberação de uma linha de crédito para micro e pequenas empresas afetadas pelas medidas. O setor é responsável por 52% dos empregos formais no Estado.
Compesa
A Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) vai isentar de pagamento da taxa de água os mais de 120 mil usuários enquadrados na categoria de tarifa social, enquanto durar a crise provocada pelo coronavírus. Além disso, a Compesa vai investir R$ 9,5 milhões para ampliar a oferta de água na Região Metropolitana do Recife. Serão executadas obras de curto prazo beneficiando 250 mil pessoas. Para as localidades da RMR desabastecidas (sem rede ou com pressão insuficiente), a companhia irá passar de 16 para 40 o número de carros-pipa atendendo essas comunidades. Por fim, o Sistema Tapacurá terá um incremento de captação de água de 20%, passando de 2.500 litros por segundo para 3.000. A ação é imediata e beneficiará 150 mil pessoas.
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