Balanço

Mesmo com quarentena, Pernambuco registra aumento de homicídios em abril

Se comparado com o mesmo período no ano de 2019, o Estado teve um crescimento de 3,2% nos crimes violentos letais

Douglas Hacknen
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Douglas Hacknen
Publicado em 15/05/2020 às 23:40 | Atualizado em 15/05/2020 às 23:45
Arquivo/JC Imagem
Crime (Imagem ilustrativa) - FOTO: Arquivo/JC Imagem

A Secretária de Defesa Social (SDS) do Estado de Pernambuco divulgou, nesta sexta-feira (15), o número de homicídios contabilizados durante o mês de abril de 2020. Mesmo com a quarentena, foram contabilizados 320 assassinatos. O aumento foi de 3,2%, nos Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs), se comparado ao mesmo período de 2019, quando não estava decretado o isolamento social.

Em abril do ano passado, 310 mortes foram somadas, contra 320 neste ano. Assim, nos quatro primeiros meses de 2020, o Estado soma um total de 1.311 vítimas, número 8,6% maior que as 1.207 do intervalo entre janeiro e abril do ano passado. Se comparado com os óbitos registrados pela covid-19, até esta sexta, Pernambuco contabilizava 1.381 mortes.

Segundo o órgão, ao todo, 97 cidades não registraram CVLIs. Houve redução dos números no interior do estado, com destaque para o Agreste. A violência doméstica contra mulher e estupro também apresentaram redução, mas os feminicídios tiveram crescimento de 75%.

“O tráfico de drogas continua sendo a grande motivação dos homicídios, e ainda mais. Em não havendo o pagamento das dívidas de entorpecentes, por meio de roubos e furtos de objetos como os celulares, o preço cobrado é a vida. Estamos enfrentando um cenário de vulnerabilidade social, em que todo o efetivo de segurança está se desdobrando para proteger a população do avanço da Covid-19 e garantir a ordem e a paz social. Já mapeamos essa atuação de grupos criminosos e estamos atacando a raiz do problema para retomar a queda dos CVLIs, assim como temos mantido a longa curva descendente dos roubos e furtos no Estado. Quem tirou a vida de alguém, se ainda não foi capturado, será em breve. É também importante ressaltar que, em um panorama nacional de significativo aumento da violência, em alguns estados acima de 50%, Pernambuco tem mantido registros próximos aos de 2019, quando houve uma importante redução em todos os seus meses”, explica o secretário Antonio de Pádua.

RMR

Na Região Metropolitana do Recife (exceto a Capital), o aumento contabilizado foi de 8,14% (de 86, em 2019, para 93).

A cidade do Recife teve um crescimento de 31% no número de mortes, quando comparado com o mesmo período do ano passado. A capital pernambucana saiu de 38 casos para 50.

Interior

A Zona da Mata manteve os números de CVLI registrados em 2019, com 72 crimes. O Agreste e o Sertão encerraram o mês de abril com redução no número de crimes contra a vida. A queda mais expressiva ocorreu no Agreste (10,13%), caindo de 79 mortes no ano anterior, para 71 no ano atual. Já o Sertão, saiu de 35 assassinatos no ano passado para 34 em 2020, queda de 2,86%.

Presos

As Polícias Militar, Civil e Científica foram responsáveis pela prisão de 78 acusados de CVLI em flagrante. Também no mês de abril, outros 55 acabaram presos por força de mandados de prisão, totalizando 133 acusados detidos.

Estupros e violência doméstica

Os feminicídios, registraram o maior percentual de crescimento, 75%. Os números saíram de 4 mortes em abril de 2019, para 7 no mês anterior.

Houve uma redução de 25,45% nas queixas de violência doméstica. Já os estupros caíram 27,57%. No primeiro caso, foram contabilizadas 3.466 denúncias em abril do ano passado, contra 2.584 queixas no mesmo período deste ano.

Em relação aos estupros, 134 mulheres fizeram denúncias às policiais no mês passado, contra 185 em abril de 2019.

A delegada Julieta Japiassu, gestora do Departamento da Mulher da Polícia Civil de Pernambuco (DPMul), lembrou que "é fundamental reforçarmos a importância da denúncia que deve ser feita de imediato e de forma presencial, para que se realizem exames e perícias, a exemplo da traumatológica e da sexológica, de modo a comprovar o crime e responsabilizar judicialmente o agressor. Sabemos que a quarentena em que nos encontramos é um momento difícil para as vítimas, mas fazer o boletim de ocorrência é importante. Somente assim as autoridades podem frear o ciclo progressivo da violência doméstica, evitando os feminicídios. É preciso vigilância constante, não apenas por parte de profissionais da área, mas de amigos, vizinhos e todos aqueles que, de alguma forma, tomam conhecimento do sofrimento de mulheres nas mãos de agressores covardes”.

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