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Representante do ministério de Damares Alves faz visita a Mirtes, mãe do menino Miguel

A visita acontece uma semana após a tragédia que tirou a vida do pequeno Miguel, de 5 anos

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Publicado em 09/06/2020 às 12:41 | Atualizado em 09/06/2020 às 18:02
WELINGTON LIMA/JC IMAGEM
Mirtes, mãe de Miguel, deu entrevista à TV Jornal - FOTO: WELINGTON LIMA/JC IMAGEM

Com informações da TV Jornal

Mirtes Renata Santana de Souza, a mãe do menino Miguel Otávio, que morreu aos 5 anos após cair de uma altura de 35 metros no condomínio de luxo conhecido por Torres Gêmeas, recebeu uma visita de representante do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, comandado por Damares Alves.

A coordenadora-geral de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, Cecília Campello Rosas Pita, foi à casa onde mora a empregada, no Barro, Zona Oeste do Recife, nesta terça-feira (9). No local, a representante não quis falar com a imprensa.

Procurada pelo JC, a pasta respondeu por nota que Cecília Pita compareceu à residência a pedidos da ministra, "a fim de prestar o devido auxílio e condolências diante dessa trágica história". "Ao final da visita, a Ministra Damares realizou uma vídeo-chamada com a Sra. Mirtes (mãe da criança) para prestar todo apoio" disse.

A reunião acontece uma semana após a tragédia que tirou a vida do pequeno Miguel. Enquanto isso, ela continua na luta por justiça em nome de seu filho. Em entrevista à TV Jornal, nesta terça, Mirtes fez um apelo à manicure que estava na casa quando a patroa, Sarí Corte Real, primeira-dama de Tamandaré, enviou a criança de elevador ao nono andar.

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“Eliane, você é mãe de um menino. Eu só peço uma coisa para você: por favor, vá a uma delegacia, preste esclarecimento sobre o que aconteceu no apartamento naquele dia. Porque tudo que aconteceu com Miguel precisa ser resolvido e eu preciso da sua ajuda”, pediu Mirtes.

“Eliane, eu estou pedindo; um pedido de uma mãe. Você também é mãe. Porque se fosse com seu filho, com certeza se eu estivesse no seu lugar eu iria lá e prestava os esclarecimentos do que aconteceu. Por favor, Eliane. Estou pedindo por favor. Apareça”, continuou.

Naquela segunda-feira (1), depois que Mirtes precisou descer com o cachorro da família, ficaram no apartamento Eliane, Miguel, Sarí e sua filha. “Ela estava fazendo as unhas de Sarí. Ela chegou mais cedo, fez uma parte das unhas de Sarí. E Sarí precisou sair porque ela tinha horário de dentista. Ela saiu e Eliane ficou no apartamento. Depois que Sarí voltou, ela deu prosseguimento ao trabalho dela”.

Na entrevista, Mirtes também comentou sobre sua contratação pela Prefeitura de Tamandaré. Seu vínculo empregatício não era pela carteira de trabalho, mas por contrato com a administração do município. "O pagamento era feito na conta. Tanto que o dinheiro está preso no banco, preciso desbloquear meu cartão para pagar minhas contas, que já estão atrasadas", detalhou.

A mãe ainda falou sobre a missa de sétimo dia de Miguel, que foi presidida pelo frei Dennys Pimentel nessa segunda, e transmitida pelo Youtube da paróquia de Nossa Senhora de Fátima, do Ibura. "Até agradeço a ele pela dedicação na homilia que ele fez ao meu filho, foi algo muito lindo, foi tudo muito emocionante. Agredeço mesmo a frei Dennys, de coração, pelas suas palavras na missa", disse.

Ela também expressou gratidão pelo suporte e a atenção que o caso tem recebido. "Agradeço muito pelo apoio que vocês estão me dando, o apoio que o mundo está me dando, não só a gente aqui em Pernambuco e no Brasil", afirmou. "Que vocês continuem comigo firmes e fortes. Que a justiça de Miguel seja feita. A justiça tem que ser pra todos", pediu.

Mirtes voltou a falar do único pronunciamento público de Sarí até então - uma carta endereçada a ela e que foi divulgada pela imprensa. "Essa carta não chegou a mim, só chegou à mídia. Nessa, carta ela pediu perdão pelo que ela fez. Mas ela não tem que pedir perdão a mim, tem que pedir a Deus. Só Deus para perdoar o que ela fez", falou.

Leia, na íntegra, a nota do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos

"Dados do Disque 100 demonstram que a maioria das denúncias registradas no sistema são de negligência contra crianças. O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, portanto, acompanhará o caso.

Hoje (9), a pedido da Ministra Damares Alves, a Coordenadora-Geral de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, Cecília Pita, compareceu na residência da família a fim de prestar o devido auxílio e condolências diante dessa trágica história.

Ao final da visita, a Ministra Damares realizou uma vídeo-chamada com a Sra. Mirtes (mãe da criança) para prestar todo apoio."

Relembre o Caso Miguel

Filho da empregada doméstica Mirtes Renata, Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, morreu no dia 2 de junho, ao cair do nono andar do prédio onde a mãe trabalhava, no Centro do Recife. Patroa de Mirtes, Sarí foi presa em flagrante e liberada, após pagamento de fiança, por ter deixado o menino sozinho dentro do elevador do prédio. Ao sair, a criança caiu de uma altura de 35 metros. O fato aconteceu quando Mirtes deixou o filho sob a responsabilidade da patroa e desceu para passear na rua com o cachorro da família. Ao voltar para o prédio, ela se deparou com o filho praticamente morto. Miguel ainda foi socorrido, mas não resistiu. 

Para a mãe de Miguel, faltou paciência de Sarí com o garoto

Após ter visto as imagens que mostram a patroa dentro do elevador com o menino, instantes antes de ele sair quatro andares acima e despencar de uma altura de 35 metros, Mirtes concluiu que faltou paciência por parte da empregadora. 

"Quando eu vi o vídeo, entendi o motivo da revolta que houve no velório do meu filho. Antes disso eu não tinha visto nada. Porque quando eu estava na delegacia e os vídeos chegaram, eu não quis ver porque não estava em condições de ver nada", disse Mirtes em entrevista à TV Jornal no dia 4 de junho. "A conclusão que eu tirei é que infelizmente faltou um pouco de paciência dela para tirar meu filho de dentro do elevador. Se ela tivesse tido um pouquinho de paciência, tivesse pegado ele pela mão, antes de ficar só falando, meu filho hoje estaria comigo", lamentou.

Sarí foi autuada por homicídio culposo

O delegado Ramon Teixeira autuou Sarí em flagrante por homicídio culposo. Segundo ele, a suspeita foi negligente por deixar Miguel usar um elevador sozinho, mas não teve a intenção de matá-lo. Ela foi liberada após pagar fiança no valor de R$ 20 mil e responderá ao inquérito em liberdade.

A pena para esse crime é de até três anos de detenção. Na prática, a Justiça pode decidir que Sarí deve prestar serviços à comunidade, por exemplo. Mas, claro, essa pena dependerá da interpretação do juiz.

Mas o caso ainda pode ter uma reviravolta. Quando o inquérito chagar ao MPPE, o promotor de Justiça responsável irá analisar provas materiais e depoimentos. E decidirá se denuncia Sarí Côrte Real por homicídio culposo ou doloso (quando há intenção de matar). Advogados criminalistas, ouvidos em reserva pela coluna Ronda JC, afirmam que o promotor pode, sim, interpretar que a patroa da mãe de Miguel agiu com dolo eventual, pois uma criança daquela idade jamais poderia estar sozinha em um elevador. Na visão dos criminalistas, ela era responsável pelo menino naquele momento e deveria ter impedido a ação. Caso o promotor decida denunciar por homicídio doloso, Sarí poderá ser levada à júri popular. Neste caso, a pena pode chegar a 20 anos de prisão.

Carta para a mãe de Miguel

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Em carta divulgada no dia 5 de junho, Sarí pediu perdão a Mirtes. A mãe de Miguel, no entanto, disse que soube da declaração pela imprensa. "Sinto desprezo. Sarí nem mandou essa carta para mim. Eu soube pela imprensa. Uma pessoa da minha família fez um print e me mostrou", afirmou Mirtes ao ser questionada sobre a carta.

Protesto em homenagem a Miguel

O ato em homenagem a Miguel, realizado num misto de dor e revolta, na tarde do dia 5 de junho, foi organizado por movimentos sociais, que se uniram aos familiares e amigos do garoto, vestindo roupas pretas e de máscaras. Os manifestantes entoaram "Justiça por Miguel" várias vezes e, deitados no chão, na frente do Condomínio Píer Maurício de Nassau, onde Miguel caiu, ecoaram em uníssono o drama do garotinho negro antes de perder a vida: "Eu só queria a minha mãe". Abalada, Mirtes não acompanhou o protesto.


FELIPE RIBEIRO / JC IMAGEM
Miguel Otávio morreu na última terça-feira (2) após cair de um prédio luxuoso na aérea central do Recife. - FELIPE RIBEIRO / JC IMAGEM
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Miguel Otávio morreu na última terça-feira (2) após cair de um prédio luxuoso na aérea central do Recife. - FELIPE RIBEIRO / JC IMAGEM
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Miguel Otávio morreu na última terça-feira (2) após cair de um prédio luxuoso na aérea central do Recife. - FELIPE RIBEIRO / JC IMAGEM
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Miguel Otávio morreu na última terça-feira (2) após cair de um prédio luxuoso na aérea central do Recife. - FELIPE RIBEIRO / JC IMAGEM
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Miguel Otávio morreu na última terça-feira (2) após cair de um prédio luxuoso na aérea central do Recife. - FELIPE RIBEIRO / JC IMAGEM
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Nesta sexta-feira (4) integrantes de movimentos sociais, familiares e amigos protestaram por justiça para Miguel Otávio, que morreu na última terça--feira (2) após cair de uma altura de 35 metros. - FELIPE RIBEIRO / JC IMAGEM
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Veja todas as fotos do ato que pede por justiça pela vida de Miguel - FELIPE RIBEIRO / JC IMAGEM
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Nesta sexta-feira (4) integrantes de movimentos sociais, familiares e amigos protestaram por justiça para Miguel Otávio, que morreu na última terça--feira (2) após cair de uma altura de 35 metros. - FELIPE RIBEIRO/ JC IMAGEM

Advogado diz que Sarí ainda não prestou depoimento

Sarí preferiu não prestar depoimento quando foi encaminhada à delegacia, no dia da morte do menino Miguel. A informação foi dada pelo advogado que a representa, Pedro Avelino, em entrevista à TV Jornal, nesta segunda-feira (8).

"A investigação que corre em sigilo conta com várias outras imagens que têm uma narrativa diferente do que muitas vezes é veiculado na imprensa. Então a gente precisa aguardar o fim das investigações pra tomar qualquer tipo de conclusão", afirmou o advogado. "O delegado que não conhece a versão dela deve ser o primeiro a ouvi-la. Por isso que nesse primeiro momento ela não fala com a imprensa", acrescentou.

O advogado ainda comentou sobre a convivência da patroa com a mãe e a avó de Miguel, Mirtes Renata e Marta. "Ela tinha uma relação muito boa com dona Mirtes, com a mãe de Mirtes, e especialmente com Miguel, que brincava com seus filhos. Então ela está muito triste com toda essa tragédia, porque nunca passou pela sua cabeça o que aconteceria."

Nome de Sarí Corte Real foi cadastrado para solicitar auxílio de R$ 600 no dia 14 de maio

O nome de Sarí Corte Real, primeira-dama de Tamandaré, autuada por homicídio culposo pela morte do menino Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, no dia 2 de junho, foi cadastrado para solicitar o auxílio emergencial de R$ 600. O benefício é destinado pelo governo federal aos trabalhadores informais, microempreendedores individuais, autônomos e desempregados que tiveram a renda afetada pela crise do coronavírus.

O JC apurou que a solicitação em nome de Sarí foi feita no dia 14 de maio. No fim da noite desta segunda-feira (8), o pedido do auxílio de R$ 600 aparecia "em processamento". "Estamos processando os dados para analisar elegibilidade ao Auxílio Emergencial", dizia a mensagem na página da Dataprev disponibilizada para consulta ao resultado da análise.

Confira nos vídeos abaixo a cobertura da TV Jornal sobre o caso

O Caso Miguel

Câmeras mostram menino no elevador

Dor na despedida

 

 

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