CHACINA EM IPOJUCA

Medo e toque de recolher

Publicado em 12/08/2020 às 6:00
BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
COMÉRCIO Com receio da violência, lojas fecharam as portas mais cedo - FOTO: BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
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Dois dias após a chacina que matou cinco pessoas e deixou 12 feridas em Ipojuca, no Grande Recife, o clima na cidade ainda é de medo. No dia seguinte ao crime, moradores receberam áudio, em grupos de aplicativo de mensagens, determinando um toque de recolher. Na mensagem, um homem, que se diz membro de uma facção criminosa, ameaça a população. Mesmo sem a veracidade confirmada, o comércio fechou mais cedo e os motoristas de mototáxi e kombis também pararam de rodar no fim da tarde. Questionada sobre o áudio, a Polícia Civil disse, por meio de uma nota, que não se pronunciará até que as investigações sejam finalizadas.

A mensagem circulou pelos moradores e determinava que o comércio da cidade teria que ser fechado até as 17h. O clima é de receio em relação à violência sofrida no último domingo (9). Na manhã de ontem, um veículo utilizado na chacina, localizado pela polícia, foi periciado no Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), que fica no bairro do Cordeiro, na Zona Oeste do Recife. O veículo, do modelo Ford Ka, tinha a placa clonada. O automóvel foi encontrado capotado na PE-042, rodovia que liga as cidades de Ipojuca e Escada e, em seguida, foi levado para o DHPP.

"Esse é um dos carros que participou da chacina. Com a apreensão desse carro agora, o que vai ocorrer? Essas impressões digitais que estiverem no carro, se algum dos suspeitos foi preso, se faz o comparativo desta pessoa. Se existe comprovação, ele será ouvido e possivelmente indiciado, em inquérito policial, pela chacina", explicou o delegado Joaquim Braga, responsável pelas primeiras investigações do caso.

A chacina resultou na morte de cinco pessoas, três homens e duas mulheres e deixou outros 12 feridos. Entre estes, está uma criança de 11 anos. O crime aconteceu em dois lugares diferentes, em uma praça na comunidade Rurópolis e em uma casa localizada na entrada da cidade. A Polícia investiga possível ligação entre o grupo e a facção Comando Vermelho.

Segundo a polícia, cerca de 60 pessoas estavam na praça quando os assassinos desceram de dois veículos por volta das 23h30, ordenando que ninguém corresse. No desespero, as pessoas correram e, então, os tiros foram disparados. Julio Cesar de Paula e Cinthia Maria de Souza morreram no local. Já Maria Barbosa da Silva foi socorrida, mas não resistiu e faleceu na UPA de Ipojuca.

Durante a fuga, os criminosos pararam os carros e executaram mais dois homens em uma casa, na entrada da cidade: Rinaldo Martins de Santana e Fernando José de Lima.

De acordo com o delegado Cláudio Neto, chefe da Divisão Metropolitana de Homicídios Sul, a linha de investigação é a de que a chacina foi motivada pela disputa do controle do tráfico de drogas no território de Ipojuca.

 

DAY SANTOS/JC IMAGEM
PLACA CLONADAO Veículo usado na chacina foi periciado no DHPP - FOTO:DAY SANTOS/JC IMAGEM

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