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Jornalismo pernambucano se despede de Beto Rezende, vítima da covid-19

Beto Rezende morreu nesta terça-feira (18).

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Publicado em 18/08/2020 às 15:22 | Atualizado em 18/08/2020 às 19:14
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Beto Rezende, 60, passou pelas principais redações de jornais do Recife - FOTO: REPRODUÇÃO

atualizada às 19h14

O jornalismo pernambucano perdeu um dos grandes nomes de referência da categoria nesta terça-feira (18). Alberto Rezende, conhecido como Beto Rezende, morreu em decorrência da covid-19, no Hospital Alfa, na Zona Sul do Recife. O jornalista, que era sergipano, mas construiu sua carreira em Pernambuco, completou 60 anos idade no dia 20 de julho.

Beto estava internado desde sábado (15), quando foi socorrido com dor e teve o diagnóstico confirmado para o novo coronavírus. Na última sexta-feira (14), chegou ir a uma emergência com fortes dores de coluna e dificuldades para respirar, mas foi medicado e liberado.

O jornalista é o fundador do Enquanto Isso na Sala da Justiça, tradição no Carnaval de Pernambuco e um dos blocos mais conhecidos do Brasil. 

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Beto foi fundador do bloco Enquanto Isso na Sala da Justiça - REPRODUÇÃO

Trabalhou nas principais redações do Recife, com passagem pela TV Manchete, TV Jornal, Jornal do Commercio, Diario de Pernambuco e Folha de Pernambuco.

Beto foi militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e compôs a diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Pernambuco (Sinjope) entre o final da década de 80 e início da de 90.

Fez parte da linha de frente da Greve Geral que paralisou as redações de jornais por 14 dias no Recife em protesto contra os cortes salariais causados pela política econômica do ex-presidente Fernando Collor.

Beto é lembrado com carinho pelos colegas com quem conviveu. “Ele era querido por todo mundo. Era uma pessoa de um astral muito bom, sempre alegre, sempre contente com a vida, que lutava com seus ideais, mas de uma forma muito doce e muito fraterna. Tinha muitos amigos e muita admiração”, comentou Rossini Barreira, presidente do Sinjope entre 1995 e 2001.

“Além de tudo, o principal de Beto era o grande ser humano que ele era. Não conhecia ninguém que não gostasse dele. Sempre com um sorriso no rosto, atento aos problemas dos outros, sempre chegava junto de alguém que tivesse dificuldade. É com muita dor que tomei conhecimento da morte prematura de Beto”, lamentou o jornalista Evaldo Costa, ex-presidente do Sinjope em 1992 a 1995.

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Beto Rezende na greve de jornalistas de 1990 - CORTESIA


Em nota, o Sinjope destacou que Rezende sempre foi "muito prestativo e combativo pelo bom jornalismo". Leia a íntegra da nota:

"O jornalismo pernambucano perdeu hoje uma de suas mais importantes referências, Beto Rezende. O jornalista de 60 anos foi mais uma vítima da COVID-19. Lutou até o fim contra o vírus, mas o quadro se agravou e precisou ser internado no Hospital Alfa, montado pelo governo do estado para a pandemia do novo coronavírus. Beto faleceu na manhã desta terça-feira. Ele atuou nos três principais jornais da capital pernambucana. Nos últimos meses, mantinha um canal no YouTube, “Dardos e Ideias”. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Pernambuco lamenta a morte de Beto Rezende e lembra com muito carinho a luta do companheiro durante a histórica greve de 1990 no Recife. Na premiação da 25° edição do Prêmio Cristina Tavares, no dia 16 de junho deste ano, ele participou com um depoimento sobre a paralisação. Lembrou da união da categoria e da importância do movimento que mudou parâmetros da luta sindical no jornalismo em Pernambuco. Sempre prestativo e combativo pelo bom jornalismo, Beto Rezende deixa uma lacuna nas redações onde fez amigos e vai deixar muita saudade."

Carreira

Nas últimas décadas, Beto dedicou a carreira à área de cultura. Fez parte da Secretaria de Cultura do Recife e Fundação de Cultura da Cidade do Recife entre 2001 e 2008. De 2009 a 2012, comandou a diretoria de Ação Cultural da pasta. Em 2013, o jornalista assumiu a coordenação-geral do Espaço Cultural Mauro Mota, da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), cargo que ocupou até o início de 2016.

Depois, foi assessor de imprensa da atual vice-governadora Luciana Santos em Brasília, e voltou em 2018 para chefiar a assessoria da presidência da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe). Por meio de nota, a vice-governadora de Pernambuco lamentou a morte do jornalista e afirmou que Rezende era "uma pessoal doce, leve, do bem, que fará muita falta. Aos familiares e aos muitos amigos que Beto cultivou, meu abraço profundo". 

Neste ano, Beto escrevia um livro ao lado da jornalista Tereza Rozowikwyat, pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), sobre os 30 anos do programa Chapéu de Palha. Presidente da Cepe, Ricardo Leitão recebeu a notícia com tristeza. “Convivi com ele como jornalista em redações, em campanhas eleitorais. Era uma relação antiga. Me impactou muito, uma causa de muita tristeza”, lamentou.

Seu mais recente projeto foi o blog e canal no YouTube chamado Dardos e Ideias. Na sua última publicação, no último dia 5, falou sobre a valorização da vida.

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Beto Rezende na greve de jornalistas de 1990 - FOTO:CORTESIA
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Beto foi fundador do bloco Enquanto Isso na Sala da Justiça - FOTO:REPRODUÇÃO

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