CORONAVÍRUS

Hospital Barão de Lucena tem superlotação de leitos de covid para crianças

Unidade de saúde é referência no atendimento materno-infantil em Pernambuco e tem atendido uma alta demanda de crianças com o novo coronavírus

Amanda Rainheri
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Amanda Rainheri
Publicado em 21/08/2020 às 21:57
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Leitos de covid infantis não respeitam os protocolos de distanciamento e isolamento - FOTO: Cortesia

Enfermarias superlotadas e falta de estrutura, principalmente para as crianças. Assim é a situação do Hospital Barão de Lucena (HBL), localizado na Iputinga, Zona Oeste do Recife, há pelo menos três semanas. Nesta sexta-feira (19), de acordo com funcionários, chegou a faltar oxigênio para pacientes do setor respiratório, que atende pessoas com sintomas ou confirmação para o novo coronavírus (covid-19).

Segundo uma médica da instituição, que não terá o nome divulgado, além da enfermaria, o 3º andar da unidade, os 12 leitos de pronto socorro e o pavilhão voltado para a covid-19, com 17 leitos, estavam ocupados. Entre os leitos de pronto-socorro, estavam, na tarde desta sexta, sete pacientes de UTI, todos de pediatria, já que a unidade é referência nesse tipo de atendimento no Estado.

A situação, explica a médica, é a mesma há cerca de um mês. "Os adultos tiveram pavilhões montados para eles, mas a demanda está grande na pediatria. Vários (casos) positivos estão aparecendo após as reaberturas (das atividades). Isso porque não iniciaram as aulas...", ponderou a profissional.

A médica conta que a situação foi denunciada diversas vezes ao Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) e ao Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) e, quando a situação da superlotação é resolvida, dura apenas um dia ou dois, até que o a unidade de saúde volte a ficar lotada. "Funcionamos com a regulação continuando a mandar livremente os pacientes de covid, mesmo que não tenhamos mais vagas. Hoje ficamos sem fonte de oxigênio. Chamamos isso de enxugar gelo."

Nas imagens enviadas à reportagem por pessoas que estavam nesta sexta-feira no setor dedicado a pacientes com o novo coronavírus, é possível ver que não há divisórias ou espaçamento correto entre os leitos de crianças. Pela sala, também circulam mães e acompanhantes. Diferente do que acontece com os adultos, crianças devem ficar acompanhadas nas unidades de saúde. "Não sei se as mães têm entendimento da gravidade da situação, nem do pouco espaço e proteção para elas", avalia a profissional.

Os funcionários sentem que a direção da unidade não pode mais cobrar do Estado. "A última que fazia isso foi mandada embora. A atenção e verba foram para os adultos e agora a pediatria está assim. No começo, era muito calmo, mas há cerca de um mês estamos no caos."

Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES), responsável pela unidade, informou que, através da Central de Regulação de Leitos do Estado, "mantém a busca ativa de leitos em toda a rede e em unidades conveniadas, para encaminhamentos de seus pacientes, atendendo às especificidades de quadro clínico."

O comunicado diz ainda que em Pernambuco, a taxa de ocupação de leitos pediátricos de enfermaria para pacientes com quadro de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) está abaixo dos 40%. A pasta reconheceu, no entanto, que existem mais pacientes do que vagas no Hospital Barão de Lucena. "Na ala destinada ao atendimento destes pacientes, há 16 vagas, contando com 17 pacientes, até à tarde desta sexta-feira", diz trecho da nota.

Em relação ao fornecimento de oxigênio no setor, o Hospital Barão de Lucena (HBL) destacou que os leitos "possuem fonte para fornecimento" e que "os pacientes que necessitam de O2 estão fazendo uso e sendo acompanhados pelas equipes multidisciplinares da unidade."

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