Entrevista

"Temos que cuidar da área social", diz empresário João Carlos Paes Mendonça

Em entrevista à Rádio Jornal, presidente do Grupo JCPM defende menos promessas por parte dos políticos e diz que prioridade é enfrentar problemas crônicos do Recife, como as palafitas, as favelas, os morros e os esgotos a céu aberto

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Publicado em 15/10/2020 às 14:42 | Atualizado em 15/10/2020 às 15:30
HEUDES RÉGIS/ACERVO JC IMAGEM
Empresário João Carlos Paes Mendonça - FOTO: HEUDES RÉGIS/ACERVO JC IMAGEM

Uma cidade que parou no tempo. Que precisa investir em ações sociais e atrair projetos que gerem renda, emprego e desenvolvimento para seus moradores. Na avaliação do empresário João Carlos Paes Mendonça, presidente do Grupo JCPM, essas deveriam ser as prioridades hoje da cidade do Recife. Em entrevista, concedida à Rádio Jornal, na manhã desta quinta-feira (15), ele chamou atenção para a urgência de enfrentar problemas crônicos da capital, como as palafitas, as favelas, os morros e os esgotos a céu aberto. Em meio a mais uma campanha eleitoral, o empresário defendeu que os políticos façam menos promessas e se concentrem em resolver os problemas que persistem há décadas na cidade.

"Eu tenho uma verdadeira decepção com o que acontece com as favelas do Recife, as palafitas, a pobreza, a falta de água nos morros. Em vez de estar pensando em fantasia, é preciso pensar em como ajudar essa população. É muita gente sem renda, sem salário. Temos que cuidar dessa área social. E, por outro lado, conseguir projetos que gerem renda. Nós estamos perdendo tempo", afirmou João Carlos Paes Mendonça.

O empresário reconheceu a importância de programas como o Bolsa Família e o auxílio emergencial, mas disse que eles são ações de passagem. "O importante é gerar emprego, é investir em educação. Sem educação não há desenvolvimento." Ele falou especialmente da importância de desenvolver ações voltadas para a juventude. "Essa tem que ser a nossa prioridade, melhorar a educação dos jovens, a qualidade das escolas."

João Carlos ressaltou que a falta de investimentos e de infraestrutura fez com que o Recife perdesse a liderança no Nordeste. "Nós não temos mais o turismo. Estamos com obras paradas. A iniciativa privada tem dificuldade de aprovação de projetos. Nós precisamos mudar, transformar. Recife está geograficamente bem localizada, mas é uma cidade que parou no tempo. Deixou de ser a capital líder do Nordeste. Saímos da Série A, passamos para a Série B e agora estamos na Série C. Precisamos recuperar o prestígio da cidade", avaliou.

TURISMO DE NEGÓCIOS

A perda de espaço no turismo, para capitais como Salvador e Fortaleza, é, no entendimento de João Carlos Paes Mendonça, um dos maiores entraves para o desenvolvimento sustentável da economia da cidade. "Recife tem tudo para virar um polo de turismo - o Instituto Ricardo Brennand, a Oficina Francisco Brennand, a sinagoga, gastronomia, cultura, religiosidade. Mas a cidade está abandonada. Temos que voltar a crescer nessa área. Recuperar o turismo de negócios. Não é aceitável que o turista chegue aqui e só tenha como destino Porto de Galinhas. Precisamos valorizar as muitas riquezas da nossa cidade."

Entre os investimentos importantes para desenvolver Pernambuco, João Carlos Paes Mendonça ressaltou a necessidade de resgatar a BR-232, principal eixo de ligação com o interior do Estado. "A BR-232 tem que crescer, desenvolver, ser operada por concessão. A duplicação tem que passar de Arcoverde, chegar a Petrolina. Isso é muito importante para desenvolver Pernambuco." Ele defendeu que o Estado sozinho não vai conseguir fazer os investimentos necessários, sobretudo no próximo ano, com a crise gerada pela pandemia. "Estado é Estado, não é empresário. Temos um trabalho gigantesco pela frente. Precisamos dizer sim a privatizações e concessões."

A MÃE DAS REFORMAS

Defensor da reforma política como a "mãe das reformas", o empresário criticou o inchaço das casas legislativas, tanto em níveis municipal, estadual e federal; defendeu o corte de mordomias e a redução do número de partidos políticos. "A primeira e mais importante reforma, a mais custosa, é a política. São mandatos de oito anos, porque o político já assume pensando na reeleição. Precisamos ter alternância de poder, melhorar o funcionamento da máquina", observou.

Em relação ao futuro, o empresário destacou que é preciso se manter otimista e apostar na força do trabalho. "Eu não parei. Temos que continuar acreditando, investindo. É emprego, renda, é disso que a nossa população precisa." Ele reforçou ainda a importância de continuar apostando no Sistema Jornal do Commercio de Comunicação, apesar da crise que o setor enfrenta, sobretudo no pós-pandemia. "Nos últimos cinco anos perdemos muito dinheiro, mas injetamos recursos. Nós continuamos firmes, defendendo a sociedade."

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