Violência armada dentro de casa

Publicado em 20/10/2020 às 2:00
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Uma noite de festa que acabou em tragédia. Leandra Gennifer da Silva, 22 anos, foi morta a tiros dentro de casa, no bairro da Madalena, no Recife, após uma prévia carnavalesca. O marido, Raphael Cordeiro Lopes, que estava com ela na festa, teria atirado na vítima várias vezes após uma discussão por motivo banal na frente do filho do casal. O crime foi em 09 de fevereiro deste ano. Dias depois, ele acabou preso. Leandra foi uma das 34 vítimas de feminicídio em Pernambuco, no primeiro semestre deste ano, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. O número representa um crescimento de 17,2%, em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados 29 casos.

Na época em que a jovem foi morta, ainda não existia isolamento social. Mas, nos meses seguintes, com mais famílias reclusas, os crimes dentro de casa se multiplicaram. Neste contexto, a mulher foi a principal vítima da violência doméstica, ponta a plataforma Fogo Cruzado, que contabiliza a violência armada na Região Metropolitana do Recife (RMR). "Os agressores passaram a ficar mais tempo dentro de casa e, consequentemente, os conflitos se acirram. A desigualdade social e a falta de recursos contribuem para o trágico desfecho. E como se observa, as mulheres negras são as maiores vítimas", disse Edna Jatobá.

Entre março e setembro, ou seja, os seis primeiros meses da pandemia, o Fogo Cruzado conseguiu somar 88 pessoas mortas e outras 20 feridas dentro de residências na RMR. No mesmo período do ano passado, foram 58 vítimas mortas e 14 feridas. A variação foi de 43%.

Para Edna Jatobá, muitas mulheres vítimas de violência ainda encontram dificuldade na hora de registrar queixa contra seus agressores. Algumas por desinformação de onde procurar ajuda. Outras, por receio de serem mal atendidas nas delegacias. "Quando não encontram Delegacias da Mulher, onde há o atendimento especializado, algumas vítimas preferem não ir para as delegacias do bairro, e isso dificulta muito", analisa.

Na RMR, há apenas três delegacias da Mulher. Uma no bairro de Santo Amaro, área central do Recife, que funciona 24 horas, sete dias na semana. Uma em Prazeres, Jaboatão, e outra em Paulista. Essas duas últimas só funcionam de segunda à sexta-feira, em horário comercial. A orientação da Polícia Civil é de que quem precisar registrar uma queixa, deve procurar a delegacia mais próxima.

 

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