Em evento no Palácio do Planalto sobre o setor de turismo nessa terça-feira (10), o presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar o que avalia como barreiras ao turismo da Ilha de Fernando de Noronha. Sem citar nomes ou cargos, disse que um "ditador do continente" diz que não haverá turismo no local e fica por isso mesmo. Bolsonaro questionou novamente as taxas para se entrar na ilha.
"Fernando de Noronha, se alguém quiser ir pra lá tem taxa estadual de R$ 73,93 ao dia e taxinha federal de 110 reais. Se for estrangeiro vai a R$ 220. Quem vai numa pipoca dessa? Não quero falar palavrão porque sou educado. Mas não tem como ir pra frente essa pipoca. Agora vamos tentar, prezados Ricardo Salles (ministro do Meio Ambiente) e Marcelo Álvaro Antônio (ministro do Turismo), se o morador de Noronha pode decidir sobre seu futuro. Falam tanto de democracia e liberdade. Estou aqui com a praia do sancho (mostrando foto) Esse feriadão teve ninguém lá. Aí aqui do continente um ditador diz que enquanto tiver covid não tem esse negocio aí e fica por isso mesmo. Fico preocupado como o pessoal do turismo luta para vencer barreiras", disse Bolsonaro.
Por conta da pandemia do coronavírus, o turismo para Fernando de Noronha foi vetado, sendo permitido apenas voos de moradores. Com a flexibilização das atividades econômicas, contudo, o turismo foi retomado a partir do dia 10 de outubro.
Para que seja permitido o acesso à Fernando de Noronha, os visitantes que não tiveram a covid-19 precisam cumprir um rigoroso protocolo, numa tentativa de evitar a proliferação da doença na ilha. Dentro das regras estabelecidas, é necessário realizar um exame do tipo RT-PCR um dia antes do embarque, ou na própria data da viagem. A apresentação do documento com o resultado negativo deve ser feita no momento do desembarque, no aeroporto de Noronha. Caso o resultado não saia a tempo, o turista precisa ficar em quarentena na pousada até receber o resultado do teste. Na saída da ilha, o mesmo exame precisa ser repetido antes do embarque. Esse exame da saída é realizado pela equipe de vigilância em saúde e custeado pelo Governo do Estado. Caso o turista fique mais de cinco dias, o exame precisa ser feito no quinto dia da viagem, no Posto de Saúde da Família.
Essa não é a primeira vez que Bolsonaro faz críticas duras sobre o turismo de Fernando de Noronha. Na última quinta-feira (5), durante live nas redes sociais, o presidente sugeriu federalizar a ilha. A declaração foi feita após o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do chefe do Planalto, passar o feriado em uma ilha da região colocando o custo da própria passagem aérea nos cofres públicos, apesar de não se tratar de uma viagem a trabalho.
"Parece que virou ali uma ilha de amigos, não quero falar o nome aqui para não ter problema, do rei, e o rei não sou eu", disse Bolsonaro durante transmissão ao vivo nas redes sociais. "É um absurdo, você vai para uma praia em Fernando de Noronha pagar R$ 100. É meio lobo-guará, dois dias um lobo guará para ir numa praia lá em Fernando de Noronha. É um absurdo isso aí. Inacreditável. Isso aí tem que mudar."
O arquipélago de Fernando de Noronha é um Distrito Estadual que pertence a Pernambuco. De acordo com o portal oficial da administração, o valor da Taxa de Preservação Ambiental (TAP) é de R$ 75,93 para um dia. O administrador do território é indicado pelo governador do Estado e votado pela Assembleia Legislativa.
Atualmente, o Estado é governado por Paulo Câmara (PSB), filiado a um partido de oposição a Bolsonaro. Tanto o governo como a administração da ilha de Fernando de Noronha foram procuradas para se manifestarem sobre a fala do presidente Bolsonaro. Caso enviem respostas, a matéria será atualizada.
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