A apreensão no último dia 20 de novembro de 3 mil comprimidos de ecstasy enviados pelos Correios, a maior deste tipo neste ano, faz parte das estatísticas que mostram o aumento do tráfico de drogas por encomendas postais durante a pandemia em Pernambuco. A constatação é da Superintendência Regional da Polícia Federal (PF), que informou que registrou a alta em 2020, embora não tenha divulgado um balanço até o fechamento desta matéria.
"Com o isolamento social devido ao novo coronavírus, alguns traficantes tem aumentado o envio de drogas, principalmente sintéticas (como ecstasy e LSD) pelos Correios. Isso que as ações da PF, Receita Federal e Correios tem identificado nesse momento que estamos vivendo de pandemia", afirmou o chefe de comunicação da PF em Pernambuco, Giovani Santoro.
O gestor contou que as apreensões têm sido mais recorrentes no caso de entopercentes, e que outros materiais ilícitos não tiveram o mesmo crescimento. "O contrabando de mercadorias, principalmente eletrônicos (celulares, computadores, carregares, baterias) é menos comum porque chama muito a atenção, devido à difícil ocultação em grandes quantidades", comentou.
A maior apreensão de ectsasy em 2020 foi divulgada nessa quarta-feira (25). Cerca de 1,3 quilos de pílulas foram encontrados escondidos em três potes de cremes para cabelo. A encomenda foi postada em uma agência de Curitiba, no Paraná, com destino para Boa Viagem, na Zona Sul do Recife.
Os agentes identificaram a substância com ajuda de um cão farejador da PF e do equipamento de raio-x, e, depois disso, acompanharam a entrega do pacote ao destinatário. O suspeito era um trabalhador autônomo de 33 anos, morador de Boa Viagem, que disse que receberia a encomenda para ganhar R$ 500 quando entregasse a droga ao verdadeiro proprietário.
Em seguida, ele marcou um encontro para entregar ao destinatário final, um auxiliar de administração de 26 anos que mora no bairro de San Martin, na Zona Oeste da capital. Neste momento, os policiais abordaram o segundo homem e realizaram as detenções. Os dois passaram por audiência de custódia, tiveram prisão preventiva decretada e seguiram para o Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, no Grande Recife. Autuados por tráfico, eles podem pegar penas de 5 a 25 anos de prisão se condenados.
Como são detectadas as drogas nos Correios?
Os Correios explicaram que seus servidores atuam de forma diligente visando identificar postagens que possuam material ilegal. "Quando algum objeto com conteúdo proibido e/ou ilícito é detectado, os Correios acionam os órgãos competentes. Muitas das operações de combate ao tráfico começam por meio do processo de fiscalização não-invasiva (raio-x) dos Correios", detalhou, em nota.
Não é possível precisar os números dessas detecções, já que, por ser um assunto relacionado com a segurança postal, a empresa não divulga detalhes nem estatísticas das ações.
Além disso, as substâncias são encontradas também em diligências de repressão qualificada da PF com Receita Federal - como foi o caso da apreensão dos comprimidos de ecstasy. O monitoramento é feito com cães farejadores, aparelhos de raios-x e com o serviço de inteligência dos órgãos fiscalizadores. A partir das operações rotineiras, os órgãos localizam mercadorias contrabandeadas, drogas e armamentos em centrais de distribuição dos Correios. "Essa parceria com a Polícia Federal é de fundamental importância para coibir a prática desses ilícitos por meio das encomendas postais", falou o auditor-fiscal Gustavo Medeiros de Macedo.
O que fazer se receber uma encomenda que não pediu?
Em meio ao aumento no fluxo de drogas pelos Correios, cabe o alerta para não ser acidentalmente envolvido em um caso de tráfico. Quem receber uma correspondência que não estava esperando deve ficar atento para não ser implicado no crime. A orientação da Polícia Federal é que imediatamente devolva a encomenda ao representante dos Correios e não fique com ela.
"O simples fato de receber a encomenda já caracteriza que você tinha a intenção de ficar com ela e sabia o conteúdo dela. Então, se não pediu nada pelos Correios, entrega", recomendou Giovani Santoro.
"Se for droga, os Correios vai encaminhar essa encomenda para a gente, para que a gente possa iniciar uma investigação. A pessoa vai ser chamada para dar explicação, mas não é presa, porque, em tese, ela teve a consciência de que aquela encomenda não era dela", explicou.
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