Grupo aplicava golpe cobrando por agendamento de seguro desemprego
Golpe milionário era aplicado por três jovens e quatro empresas do Rio Grande do Sul, informou a polícia
A Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) descobriu um golpe que teria movimentado quase R$ 1,1 milhão. O crime era praticado por meio da internet e envolvia a marcação de agendamento para o seguro desemprego e para a segunda via da carteira de identidade. De acordo com a PCPE, o grupo prometia a realização do serviço em agências do Estado (o que é gratuito) mediante pagamento de boletos. O Google foi condenado por manter os anúncios ativos.
As investigações foram iniciadas em setembro de 2020 pela Delegacia de Crimes Cibernéticos (DPCRICI), integrante do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), após denúncia realizada pelo Secretário Executivo de Trabalho e Emprego. O servidor informou que diversas pessoas estavam procurando a Agência do Trabalho com boletos pagos, com valores entre R$ 25 e R$ 30, acreditando terem agendado o atendimento para requerer o Seguro Desemprego.
A DPCRICI informou que três pessoas e quatro empresas do Rio Grande do Sul estão envolvidas no crime. O número total de vítimas ainda não foi totalizado pela polícia. No entanto, segundo o órgão, 600 pessoas tiveram direito a restituições de valores pagos.
Os criminosos foram autuados por estelionato, falsidade ideológica, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Neste primeiro momento, a prisão não foi decretada. A PCPE afirmou que a Justiça determinou o sequestro de R$ 1.047.236 e o bloqueio judicial de R$ 260 mil. Também foi determinado a quebra de sigilos bancário e fiscal dos envolvidos, além do bloqueio de todos os websites utilizados pelos investigados para a prática do crime.
Punição para o Google
Os investigados pagavam por anúncios no Google, onde mantinham o site de oferta de agendamento de empregos no topo da página de buscas, disse a polícia. O Google foi condenado por manter os anúncios ativos, mesmo após solicitação de retirada, informou Silvana Lelys, delegada titular do Dracco, em coletiva realizada nesta sexta-feira (29), no Recife.
“O Google foi condenado, pois tinha, ao menos, que suspender os anúncios. É uma maneira de cobrar responsabilidade também dessas plataformas gigantes quando elas estão aqui trabalhando e lutando com o nosso país”, declarou. “Também por determinação judicial, foram devolvidos todos os valores pagos à empresa Google a título de anúncio, somando R$ 73.300”, completou a polícia.
Silvana Lelys, afirmou, que a decisão contra o Google “foi inédita".
Resposta do Google
Em nota, o Google informou que “não comenta casos específicos” e que mantêm “políticas rígidas para prevenir conteúdo fraudulento nas plataformas”. A empresa destacou também que realiza a verificação “constantemente conteúdos denunciados pelos usuários e, quando identifica violações a políticas, atua imediatamente”.
“Também suspendemos quase um milhão de contas de anunciantes por violação de nossas políticas. Quando não há elementos suficientes para identificar se houve uma violação das nossas políticas, cabe à Justiça determinar a remoção do conteúdo, de acordo com os termos do Marco Civil", completa o comunicado.