Idosa morre após ser atingida por parte da fachada de prédio na Rua da Aurora, no Recife
Informações preliminares dão conta de que a vítima passava pelo local por volta das 8h50 quando pedras despencaram
Com informações de Cinthia Ferreira, da TV Jornal
Atualizada às 17h18
Uma idosa de 60 anos morreu na manhã desta segunda-feira (8) após ter sido atingida por pedaços da estrutura da fachada do Edifício São Cristóvão, na Rua da Aurora, Centro do Recife. Informações preliminares dão conta de que a vítima, identificada como Célia Cesário de Barros, passava pelo local por volta das 8h50 quando pedras despencaram.
Peritos do Instituto de Criminalística (IC) e equipe do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) estiveram no local para investigar as circunstâncias da morte. Segundo o perito Severino Arruda, a vítima sofreu uma fratura no crânio e morreu na hora.
"A vítima ia caminhando normalmente na calçada quando o segmento rochoso desprendeu-se e atingiu a cabeça dela na região interparietal, que fica entre os dois ossos centrais da parte superior da cabeça, deixando um afundamento, e fraturando os dois ossos. Ela veio a óbito na hora. Mesmo que tivesse um socorrista de imediato, ela não teria a menor chance de sobreviver, pela lesão deixada", relatou o perito.
A área ficou isolada, e o corpo coberto por um lençol branco na calçada do edifício até ser levado pelo Instituto Médico Legal (IML).
A falta de manutenção do edifício é visível, e há muitas partes da estrutura faltando. "A gente vê que tem alguns apartamentos com perda de cerâmica e, às vezes, o gotejamento do ar condicionado pode se infiltrar e causar o desprendimento de segmentos", disse o perito Arruda.
Vistoria da Defesa Civil
Uma equipe da Defesa Civil do Recife esteve no local na tarde desta segunda-feira (8) para realizar uma vistoria no interior da edificação. De acordo com a gerente geral de engenharia do órgão, Elaine Hawson, foi possível perceber que o prédio não passou por manutenção na fachada recentemente. "Todas essas edificações, de três em três anos, precisam passar por um período manutenção, mas percebe-se que não foi feita manutenção da fachada. Uma equipe está fazendo a vistoria e vamos elaborar um parecer onde daremos algumas recomendações que o condomínio vai precisar seguir".
Entre as recomendações básicas que serão dadas pelo órgão estão a manutenção e a recuperação da fachada, onde foi observado um desprendimento de revestimento. Elaine ressalta que o órgão realiza vistorias sob demanda da população. "A defesa civil é demandada, então qualquer problema que as pessoas observarem podem ligar para o telefone 0800 081 3400 que vamos encaminhar uma equipe para fazer a fiscalização. É importante que as pessoas solicitem", afirmou.
O advogado do Edifício São Cristovão, Anderson Lourenço, afirmou que o condomínio ainda não entrou em contato com os moradores do local. Segundo ele, ainda não é possível afirmar se o acidente foi causado por conta do condomínio. "Vamos analisar toda estrutura do condomínio, algo que já era feito antes do acidente. E verificar junto com as autoridades o que podemos fazer para evitar qualquer tipo de acidente", comentou.
Anderson disse que o edifício é um prédio antigo, de 40 anos, e que sofre com o efeito da maresia, mas destacou que a manutenção do local estava em dia. "Manutenção de fachada, manutenção do telhado, tudo isso acontece de forma preventiva, independente do que aconteceu". Questionado, o advogado afirmou que não foi observado nenhum desprendimento de fachada no edifício e que irá seguir as recomendações da Defesa Civil para evitar novos acidentes. Ele não soube afirmar a data em que a última manutenção do prédio foi realizada.
Confira imagens da vistoria:
Audiência pública
Após ter visto a cena, o vereador Luiz Eustáquio (PSB) relatou o acidente em reunião ordinária da Câmara e solicitou uma audiência pública para tratar sobre a fiscalização das marquises no Recife.
"Foi uma fatalidade, mas que poderia ter sido evitada”, afirmou o vereador. Luiz Eustáquio afirmou que os setores envolvidos serão convocados para a audiência pública. O vereador também relatou que o aumento da população que vive em situação de rua pode tornar esses acidentes mais frequentes. “Vamos chamar uma audiência pública com os órgãos que precisam estar à frente dessa questão. Vamos convidar o CREA, a Defesa Civil, os Bombeiros, a DIRCON, para podermos verificar o que fazer. Tem que haver uma manutenção. Não tem preço que pague uma vida. Várias marquises hoje têm pessoas em situação de rua que moram embaixo delas", comentou.
O vereador aproveitou o momento para relembrar acidentes que aconteceram recentemente. "Alguém perdeu a vida porque um prédio não recebeu a manutenção adequada. Poderia ser qualquer um de nós. Ela foi uma das milhares de pessoas que passam por aquele edifício. É um fato muito sério. Não podemos deixar de buscar uma solução", disse Luiz Eustáquio.
O vereador Marco Aurélio Filho (PRTB) também comentou o caso e afirmou que o problema precisa de uma solução estrutural, com a parceria do setor privado. "O que acontece é que nós temos grandes prédios em locais históricos, mas não há um incentivo, uma forma da Prefeitura atrair investidores. Somente fiscalizar não vai dar certo porque os prédios continuarão abandonados. Precisamos pensar em um plano para ocupar esses prédios. Tenho certeza de que a iniciativa privada, junto com a iniciativa pública, pode fazer uma grande transformação na cidade", destacou.