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Corpo de pernambucana trans que morreu em São Paulo é sepultado

A vítima morreu após inalar fumaça tóxica durante incêndio em clínica na capital paulista

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JC

Publicado em 28/02/2021 às 15:34
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O corpo da pernambucana Lorena Muniz, de 25 anos, foi sepultado na tarde desse sábado (27) no Cemitério Santo São José, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife. Lorena morreu em São Paulo. Mulher trans, ela foi até a capital paulista para realizar o procedimento de implante nos seios, mas houve um incêndio no local.

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Para Gildo Brito, amigo da vítima e presidente da quadrilha Tradição, na qual Lorena fazia parte há um ano e dois meses, o desejo agora é de justiça. "A família está muito triste, foi bem difícil para todos", comentou. "Houve muita imprudência. Como que deixam uma pessoa sedada, vão embora e deixam um ser humano lá? Independente de quem fosse. Isso foi muita irresponsabilidade", completou.

Gildo afirmou que, nos encontros da quadrilha, Lorena sempre era muito simpática. "Ela é do movimento quadrilha há um tempo. Lorena sempre foi simpática e carinhosa com todo mundo. Sempre elogiava as meninas, dizendo que elas estavam bonitas", relembrou.

Relembre o caso

O prontuário médico da pernambucana transexual Lorena Muniz, 25 anos, aponta que a morte dela, no domingo (21), pode ter sido causada por inalação de fumaça tóxica durante o incêndio que atingiu uma clínica particular em São Paulo. O documento foi obtido pelo G1. Ela estava sedada na unidade, na última quarta-feira (17), para realizar o procedimento de implante de seios quando o fogo começou. O corpo de Lorena ainda não chegou ao Recife. A família autorizou a doação dos órgãos da vítima.

Com a intoxicação, a vítima teria ficado sem oxigenação no cérebro e teve uma parada cardiorrespiratória por 17 minutos. Ela teve o nariz e uma das orelhas queimadas. A morte cerebral da paciente foi confirmada cinco dias depois, no domingo (21), pelo Hospital das Clínicas, unidade para onde ela foi socorrida.

A Polícia Civil ainda aguarda, entretanto, o resultado do laudo do Instituto Médico Legal (IML) com a causa oficial da morte para incluir no inquérito que investiga a morte de Lorena como incêndio e homicídio culposo, no qual não há intenção de matar.

A família denuncia que a paciente foi deixada para trás durante a evacuação do local, ficando exposta a grandes quantidades de fumaça. A jovem só teria sido socorrida com a chegada do Corpo de Bombeiros, que a levou até o Hospital das Clínicas.

À imprensa, a defesa da clínica afirmou que a paciente não ficou desassistida durante o incêndio. "Havia dois auxiliares de enfermagem que tentaram retirar a paciente, mas na esquina vinha vindo uma viatura e ela já interviu para que eles não entrassem lá e aguardassem o Corpo de Bombeiros", disse ao G1 o advogado Daniel Santana Bassani.

"Nós tentamos de tudo para retirar a paciente, mas os policiais militares, de forma coerente, não permitiram que fosse retirada por pessoas que não tinham capacidade para isso. Os bombeiros entraram e retiraram", acrescentou.

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