INVESTIGAÇÃO

Pernambuco registrou 15 casos da síndrome de Haff, doença da urina preta, nos últimos cinco anos

Durante esse período, nenhuma morte em decorrência da doença foi confirmada no Estado

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Danielle Santana

Publicado em 02/03/2021 às 18:29 | Atualizado em 02/03/2021 às 19:15
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Nos últimos cinco anos, Pernambuco registrou 15 casos da síndrome de Haff. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) 10 desses casos foram confirmados por critério clínico epidemiológico, quatro deles no ano de 2017 e outros seis em 2020. Os cinco casos restantes são de 2021 e seguem em investigação. Durante esse período, nenhuma morte em decorrência da doença foi confirmada no Estado. 

A pasta destacou que em casos de sintomas sugestivos para doença, o paciente deverá procurar atendimento no serviço de saúde mais próximo de sua residência, relatar os sintomas e o histórico de consumo de pescados. A investigação epidemiológica dos casos é realizada pelas secretarias de Saúde municipais, com apoio da SES-PE.

Nesta terça-feira (2), especialistas recomendaram a suspensão de comércio do peixe arabaiana em Pernambuco. A decisão tem dois motivos, a morte da veterinária Pryscilla Andrade, que estava internada com suspeita de síndrome de Haff, doença causada por uma toxina encontrada em peixes, e a proximidade da semana santa, época do ano em que o consumo de pescados costuma ter um aumento.

A recomendação foi emitida após um encontro que contou com a presença de representantes do Ministério da Agricultura e do Abastecimento; Secretaria Municipal de Saúde de Jaboatão dos Guararapes; Departamento de Medicina Veterinária da UFRPE; Conselho de Medicina Veterinária e Comissão de Alimentos do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV); das agências de Defesa e Fiscalização Agropecuária (Adagro) e Vigilância Sanitária (Apevisa) de Pernambuco; e da Vigilância Sanitária de Jaboatão dos Guararapes.

Durante a reunião, também ficou determinada a necessidade de reforço na fiscalização de feiras livres e mercados. O comitê também estabeleceu que deverão ser disponibilizados canais para notificação e emissão de nota técnica voltada aos profissionais da saúde sobre sintomas e tratamentos da síndrome.

Síndrome de Haff

A síndrome acontece de forma repentina e é caracterizada pela ruptura das células musculares, o que leva ao aparecimento de alguns sinais e sintomas como:

  • Mialgia (Dor e rigidez muscular intensa, principalmente nos braços, coxas e panturrilhas)
  • Elevação na taxa de enzimas musculares
  • Dormência
  • Falta de ar
  • Urina preta, semelhante a café

De acordo com os médicos, a enfermidade é causada pela contaminação com uma toxina que se desenvolve em peixes que não são bem armazenados em temperaturas adequadas. A substância não altera o sabor e nem a aparência do alimento.

“O que chama atenção? O peixe não foi armazenado de forma adequada nem tratado de forma adequada. Aí ele vai produzir uma toxina. Você come o peixe, não nota que tem essa toxina, o gosto não tem alteração, mas, poucos dias depois, você começa a ter a dor muscular intensa e a urina ficando preta, devendo procurar de imediato uma unidade hospitalar, quando isso acontecer”, analisou o médico infectologista Filipe Prohaska, em entrevista à TV Jornal.

O especialista explica que, para evitar este tipo de contaminação, é necessário estar atento ao local onde se compra o peixe. “Muito cuidado em checar como aquele peixe chegou ali e como ele está sendo armazenado no momento da venda. O mais importante é comprar em lugares onde você tenha garantia da segurança”, explicou Filipe Prohaska.

O médico detalhou que o ideal é que o peixe seja transportado e armazenado em temperaturas entre -2º e 8ºC, e que, caso o produto seja adquirido na feira, é necessário identificar se o peixe está sendo mantido no gelo (para preservar a temperatura ideal).

Apesar das duas irmãs terem comido o peixe do tipo Arabaiana, outras espécies já estão relacionadas com casos descritos de Síndrome de Haff. É o caso do Tambaqui. Na Bahia, a doença já foi relacionada com o consumo do Badejo (Mycteroperca) e, no Amazonas, com o consumo do Pacu Manteiga (Mylossoma).

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