CORONAVÍRUS

Último paciente do Amazonas internado no Recife recebe alta

Internado desde o dia 26 de janeiro, o autônomo Artur Uchôa, de 50 anos, ficou intubado por 12 dias

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Danielle Santana

Publicado em 05/03/2021 às 16:04 | Atualizado em 05/03/2021 às 16:37
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O último paciente com covid-19 vindo do Amazonas para receber tratamento no Recife, no Hospital das Clínicas da UFPE/Ebserh, recebeu alta hospitalar nessa quarta-feira (3). O autônomo Artur Uchôa, de 50 anos, chegou em Pernambuco em estado bastante grave no dia 26 de janeiro. Ele chegou a ser internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e pela Enfermaria de Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP) do hospital-escola. 

“Em 24 de janeiro, estava muito mal de saúde e fui a um dos hospitais públicos de Manaus. Vivi aquele terror no sistema de saúde da falta de vagas e sem oxigênio nos hospitais. Das 16h às 21h, vi cerca de dez pessoas morrerem lá. Voltei para casa e, no dia seguinte, fui a outro hospital, onde fiz um exame que mostrou 85% de comprometimento dos pulmões. Lá me disseram que não havia vaga, mas que sairia um avião para o Recife naquela noite e me perguntaram se eu poderia ir. Não pensei duas vezes. Eu quero viver”, contou Artur, que tem esposa e três filhos, de 22, 15 e 4 anos. “Liguei logo para o meu filho mais velho levar roupas para eu viajar e me internar”, afirmou.

Em estado grave, Artur foi encaminhado direto da Base Aérea do Recife para a UTI do HC, onde ficou sob tratamento por 21 dias, ficando intubado por 12 deles. Com o quadro clínico estabilizado, o autônomo passou a ser assistido pela equipe da Enfermaria no dia 16 de fevereiro até receber a alta e poder voltar para Manaus.

“Tive muito medo de morrer, mas também tenho muita fé. No dia 12 de janeiro, comecei a sentir sintomas gripais, procurei o médico, fiz um exame que deu negativo e tratei como uma gripe, com uns chás e algumas medicações. Mas o quadro foi piorando e um novo exame, dessa vez, um PCR deu positivo. A covid não é uma doença igual para todos: não sabemos como o vírus vai reagir em cada organismo, como estará a imunidade, como as outras doenças que a pessoa tem pode piorar o estado. Minha cunhada, por exemplo, ficou 77 dias internada; meu irmão ficou 45 dias. É difícil demais”, relata Artur.

A alta do autônomo foi marcada pela emoção. “Vocês [profissionais do HC] me ensinaram como é cuidar de gente. Trabalho com vendas e viajo pelo Brasil e falo de coração que o que me encantou aqui em Pernambuco foi o carinho das pessoas. Todos os profissionais daqui foram sempre muito atenciosos e carinhosos. Estou lisonjeado com isso tudo o que fizeram por mim desde o primeiro momento”, completou.

 

Artur comenta a saudade depois de passar tantos dias longe de casa. “É grande. Saudade da esposa, dos filhos, dos amigos da Igreja e de tomar o açaí de lá que é muito bom e gostoso. Mas fiquei bem tranquilo aqui e nesse tempo final com a reabilitação. Ainda ando devagar e sinto cansaço, mas vou me recuperar rápido. Vou precisar dar continuidade a essa recuperação lá em Manaus”, finalizou Artur.

O Hospital das Clínicas recebeu 15 pessoas do Amazonas, estado que ainda vive momento crítico em seu sistema de saúde. Dessas, 11 foram curadas e receberam alta retornando às suas casas, duas foram transferidas para a UTI de outro hospital da rede pública e duas não resistiram à gravidade da covid-19. “Recebemos o chamado do Ministério da Saúde e cumprimos nosso dever: recuperamos os pacientes, mesmo aqueles que estiveram em cuidado de terapia intensiva, como o último que recebeu alta hoje. Isso é motivo de grande satisfação para toda a equipe do HC, que se mobilizou para que todas as etapas fossem realizadas da melhor maneira do ponto de vista técnico e da humanização”, destaca o superintendente do HC, Luiz Alberto Matto.

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