SAÚDE

Médicos e pacientes denunciam superlotação na emergência pediátrica do Hospital Barão de Lucena

Sindicato dos Médicos esteve no local e confirmou a denúncia. Direção da unidade de saúde reconhece a demanda de pacientes

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Margarida Azevedo

Publicado em 12/03/2021 às 17:41 | Atualizado em 12/03/2021 às 23:30
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Médicos e familiares de crianças que necessitam de atendimento no Hospital Barão de Lucena, unidade da rede pública estadual que funciona na Iputinga, Zona Oeste do Recife, denunciam que a emergência pediátrica tem estado superlotada nas últimas semanas. A preocupação é maior por causa da pandemia de covid-19, que exige, entre outras medidas para evitar a contaminação, que não haja aglomeração. Na quinta-feira passada (11), a situação se complicou porque pacientes graves demoraram a ser transferidos para a UTI porque havia uma infestação de formigas no local.

"É esperado, todos os anos, nesta época de março a julho, que haja mais procura porque surgem mais doenças respiratórias nas crianças. É uma realidade em todas as emergências pediátricas e não só no Barão de Lucena. Somado a isso, tem a pandemia, o que aumenta o risco de adoecimento. Infelizmente a superlotação vai persistir, porque o povo está adoecendo e os governos não se programaram para esse momento que estamos vivendo, embora tenham conhecimento do cenário", ressalta a presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Cláudia Beatriz Andrade.

A inexistência de emergências pediátricas em muitos municípios, diz Cláudia, é outro motivo para explicar a superlotação nas unidades de saúde que oferecem o serviço no Recife. "Cidades como Abreu e Lima, Paulista e Camaragibe, por exemplo, fecharam as emergências que atendem crianças. Isso obriga os pacientes dessas cidades a procurarem os hospitais da capital", observa a presidente do Simepe. "Outro problema é que o governo estadual focou muito na estrutura para atender os doentes de covid-19, o que é correto. Mas não pode deixar de investir nas outras áreas", diz Cláudia.

A partir das denúncias, o Simepe fez uma fiscalização no Barão de Lucena na semana passada e constatou a superlotação. Segundo Cláudia, outra queixa foi na demora da liberação de resultados dos exames. "Tivemos uma reunião com o secretário estadual de Saúde, André Longo, e ele informou que serão abertos novos leitos de pediatria nos próximos dias. Citou aumento em pelo menos duas unidades: 10 vagas no Imip, no Recife, e 10 no Tricentenário, em Olinda", afirma a presidente do Sinepe.

Atualmente, o Hospital Barão de Lucena é um hospital geral da alta complexidade com foco em atendimento materno-infantil. Possui 340 leitos. No ambulatório, segundo a Secretaria de Saúde, são realizadas consultas com várias especialidades pediátricas, vascular, cirurgia geral, ginecologia, mastologia, proctologia e pré-natal de alto risco.

RESPOSTA

A Secretaria Estadual de Saúde informa, por meio de nota, que "a direção do Hospital Barão de Lucena (HBL) reconhece a demanda de pacientes pediátricos na emergência e ressalta que não nega acolhimento a nenhum usuário que procure atendimento médico. A maioria dos casos que chegaram à unidade hospitalar, nas últimas semanas, está relacionado às viroses sazonais desse período do ano".

O órgão diz ainda que "a média de pacientes atendidos por mês na emergência pediátrica é de 500 crianças, sendo que menos de 50% correspondem a moradores da Região Metropolitana do Recife (RMR) e grande parte dos casos poderiam ser tratados nos serviços de baixa e média complexidade das redes municipais", enfatiza.

"A direção do HBL destaca que, devido ao crescente número de pacientes que buscaram a unidade, tem trabalhado para melhorar a rotatividade dos leitos, agilizando a realização de exames e procedimentos para posterior alta médica, quando são casos leves; e se necessário, fazendo o encaminhamento para outros serviços da rede de assistência", complementa.

FORMIGAS

Por fim, sobre a denúncia da infestação de formigas na UTI, na última quinta-feira, a Secretaria de Saúde de Pernambuco esclarece que o Hospital Barão de Lucena realizada, "de forma rotineira, limpeza e dedetização em diversos setores da unidade. A direção pediu reforço para a empresa dedetizadora e de limpeza terceirizadas para manutenção dos serviços. Após conclusão, todas as transferências foram realizadas e nenhum paciente deixou de ser admitido no setor".

 

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