COMEMORAÇÃO

Ainda com pandemia, famílias encontram formas de celebrar o Dia das Mães com segurança e amor

Para não correr risco de contaminação da covid-19, mesmo com mães vacinadas, filhos buscam criatividade para homenagear as matriarcas neste domingo

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Margarida Azevedo

Publicado em 09/05/2021 às 8:00
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Pelo segundo ano, famílias terão que celebrar o Dia das Mães, hoje, de maneira diferente, por causa da pandemia de covid-19, caso queiram evitar contaminação. O aumento de casos da doença, mortes e ocupação de leitos e a perspectiva de um mês com indicadores altos vão exigir criatividade para homenagear as matriarcas, mesmo para aquelas que já estão vacinadas. O momento também é de fortalecer ainda mais o amor, sobretudo nos lares em que as mães foram acometidas pelo vírus ou sofreram mais o impacto da enfermidade em suas rotinas.

CARREATA

Até 2019, Guiomar Oliveira, 97 anos, estava acostumada a receber os oito filhos, 24 netos, 28 bisnetos e um tataraneto na sua casa, em Jardim Atlântico, Olinda, no Grande Recife, nos Dia das Mães, com almoço, e uma fila de cumprimentos, carinhos e presentes. Literalmente, ficavam todos enfileirados, do mais novo até o mais velho, cantando a música Mamãe, de Ângela Maria, para saudá-la. Um costume que começou quando Guiomar nem tinha parido ainda todos os filhos e que precisou ser interrompido por causa da pandemia.

Para compensar, a família teve uma ideia: manter a fila de homenagens, mas com todos os parentes em seus veículos. A carreata aconteceu ano passado e vai se repetir hoje. Guiomar estará no terraço de sua residência, acomodada ao lado de duas filhas que moram com ela, esperando as saudações dos familiares, que de longe, da rua e nos seus carros, mandarão beijos e abraços.

Outra tradição que dona Bazinha, como é carinhosamente chamada, faz questão de manter é o bolo do Dia das Mães. "Mamãe sempre preparou o bolo dos aniversários e outras festas. Como não tivemos o almoço com todos juntos, ano passado, ela fez 15 bolos e deu aos filhos e netos. Este ano também", conta Liliana Oliveira, 65, a sexta filha de Guiomar. "Esse não pode ter muita gente junta de novo. Mas Graças a Deus sou feliz, minha família é muito boa", afirma Guiomar, que já recebeu as duas doses da vacina contra a covid-19.

RENASCIMENTO

Para Maria Helena Ferreira, 74, este Dia das Mães merece dupla comemoração: pelas três filhas que tem (Carolina, 47, Luciana, 44, e Manuela, 37) e por ter ficado curada da covid-19, embora sofra com sequelas. Foram 31 dias de internamento hospitalar, entre março e abril, dos quais oito intubada na UTI. Voltou para casa em 21 de abril. Helena foi contaminada por um parente que transmitiu a doença para mais cinco pessoas da família.

"Minha mãe, que tem 96 anos e mora em Porto Alegre, teve covid-19, assim como duas filhas e três netos que vivem no Recife. Estou feliz de estar na minha casa, com todos curados, e poder almoçar com minha família neste domingo. É meu maior presente. Sou grata a Deus, aos médicos e a todos que torceram para minha recuperação", afirma Maria Helena. "Com certeza esse Dia das Mães será mais especial", destaca a filha Manuela, que teve 50% do pulmão comprometido com o vírus. Ela e a irmã Luciana estarão com os pais hoje. Carolina, a mais velha, mora na Suiça

VIDEOCHAMADA

Cleide Maciel, 64, vai tomar a segunda dose da vacina contra o coronavírus quarta-feira (12). O marido Hercílio, 66, já completou a imunização. Os dois gostariam de receber três dos dois filhos e os quatro netos neste domingo para um almoço festivo. A filha do meio, Cláudia, está morando na Alemanha. O encontro teria um motivo a mais: ganharam o quarto neto, Murilo, três meses atrás.

"Mas estamos reservados e com medo da covid-19. A saudade e o vazio pela falta de convivência são imensos. Compenso com ligações e chamadas de vídeo. Vamos fazer uma videochamada neste domingo, nos abraçaremos à distância", diz Cleide. Para aliviar as ausências, sobretudo dos netos, ela costura roupinhas para eles e pede que os filhos Rebeka e Igor passem para pegar na portaria do prédio.

"É uma forma de estar presente, de fazer um carinho", observa. "A saudade faz aumentar o amor e valorizar mais as pessoas. Lamento demais não poder estar junto dela, mas temos que manter o cuidado com a covid-19", comenta Igor.

ALEGRIA

Janine Azevedo, 28, vai comemorar o Dia das Mães pela primeira vez com a filha Maria Cecília, cinco meses. Ano passado a pequena estava na sua barriga. "É um privilégio estar com minha filha nos braços. Vamos celebrar agradecendo a Deus. Ela é leve, ri com tudo. Durante a gravidez, principalmente no início, tive medo de pegar covid-19 e das consequências que poderia ter no bebê. Eu e meu marido ficamos isolados, só saíamos praticamente para as consultas e exames", conta Janine.

"Fiquei triste porque as pessoas de que gosto não acompanharam presencialmente minha gestação. Mas ao mesmo tempo recebemos tanto amor que mesmo distante fisicamente nos sentíamos próximos de todos. Eram pequenas surpresas que deixavam na portaria do prédio, por exemplo. Isso só reforça que o distanciamento pode ser físico, mas é possível continuar perto de quem amamos."

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