CORONAVÍRUS

Após precisar transferir pacientes com covid-19, cidade do Agreste de Pernambuco recebe cilindros de oxigênio

Alguns equipamentos foram doados por municípios vizinhos e outros adquirido pela prefeitura lajedense

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Marcelo Aprígio

Publicado em 28/05/2021 às 8:52 | Atualizado em 28/05/2021 às 12:39
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Atualizada às 12h30

Com informações de Nayara Vila Nova, da TV Jornal Interior

Após viver uma situação dramática com a falta de oxigênio para pacientes infectados pelo novo coronavírus, a cidade de Lajedo, no Agreste de Pernambuco, amanheceu respirando mais aliviada com a chegada de oxigênio no fim da noite dessa quinta-feira (27). Alguns equipamentos foram doados por municípios vizinhos e outros adquirido pela prefeitura lajedense.

De acordo com a secretária de Saúde da cidade, Socorro Ribeiro, a rede saúde da cidade quase colapsou por causa da falta do oxigênio, e 14 pacientes precisaram ser transferidos para Caruaru, Belo Jardim, São Bento do Una, Cachoeirinha e Agrestina. 

"Ontem (quinta, 27), Lajedo se viu muito apreensivo. Nós tínhamos um número grande de pessoas em estado crítico internadas no nosso hospital e, diante disso, tivemos quase que um colapso de oxigênio. O hospital ficou praticamente sem o gás, o que só não aconteceu, de fato, por que nos articulamos com colegas da região, que nos ofertaram oxigênio e leitos para transferência", afirma Socorro em entrevista à TV Jornal Interior.  

"Se dependesse unicamente do nosso estoque, nós teríamos colapsado. A ajuda dos municípios da região fez com que pudéssemos atender as transferências, além de manter alguns pacientes no hospital", completa a secretária.

Lajedo possui um Hospital de Campanha, responsável pelo acolhimento, para atender pacientes com covid-19 e um Hospital de Emergência, que realiza a triagem junto ao Centro Covid-19. A taxa de ocupação, segundo a secretária de Saúde, está acima dos 70%. Nove pacientes em estado "menos grave", segundo a secretária, ficaram na unidade de saúde.

Passado esse momento de sufoco, Socorro Ribeiro pede que a população se cuide, pois se o oxigênio voltar a faltar muitas pessoas podem morrer. "Esse é meu apelo, de verdade, que as pessoas se conscientizem e se sensibilizem com a situação atual", pede a secretária. "Se voltem para a vida das pessoas e para si próprio. A gestão não fabrica oxigênio, se faltar outra vez, muitas vidas podem ir embora pelo descaso de quem não se cuida. Já estamos num estado crítico, por favor, se cuidem", conclui.

Falta de oxigênio

Nessa quinta, Socorro relatou a situação crítica de Lajedo, onde estava faltando oxigênio para pacientes com o novo coronavírus. "Está faltando oxigênio no abastecimento do hospital. Nós tínhamos oxigênio até cinco horas da tarde, mas os pacientes tiveram uma demanda muito alta, os nossos leitos foram preenchidos então demandou muito dos oxigênios. Nós estamos aguardando a chegada por volta das 22 horas. Nesse meio período, porque nós não temos uma grande quantidade de cilindro, a gente demanda, vai usando e já enchendo novamente. Até então não tínhamos tido problema. Mas hoje chegamos nessa situação", explicou Socorro nessa quinta.

A secretária disse, ainda, que municípios vizinhos que também estão quase no limite do sistema de saúde, estão enviando cilindros. "Mas isso é só para uma noite. Com a demanda que nós estamos no hospital a gente não consegue dar o suporte necessário. Então, para que não houvesse risco, a gente tomou essa decisão (de transferir os pacientes)", comentou. 

Concentradores de oxigênio

A Secretaria Estadual de Saúde (SES) enviou concentradores de oxigênio para 44 cidades, 29 delas no Agreste, para onde serão enviados 99 aparelhos. Lajedo, porém, não estava na lista. A destinação do material foi discutida com os gestores municipais em reunião, na última quarta-feira (26), e pactuada na Comissão Intergestora Bipartite (CIB).

Os concentradores de oxigênio filtram o ar do ambiente e fornecem apenas o oxigênio puro (5 litros por minuto) para o paciente. Com isso, o equipamento pode substituir os cilindros de oxigênio, que precisam ser preenchidos constantemente por uma empresa que forneça gases medicinais

SES afirma que Lajedo não fez solicitação formal

Em nota enviada no fim da manhã desta sexta-feira (28), a SES informou que o Estado tem "mantido contato permanente com os municípios pernambucanos e prestado o devido apoio aqueles que estão formalizando solicitações". A pasta informou ainda que o município de Lajedo não fez solicitação formal à SES-PE, mesmo após reuniões realizadas com municípios e comunicação direta com a Gerência Regional de Saúde (Geres). "A Secretaria Estadual de Saúde ressalta, desta forma, a importância do diálogo transparente e da comunicação com antecedência para que o órgão estadual possa operacionalizar o apoio", diz o texto.

A secretaria diz ainda que a Central de Regulação Hospitalar vem atuando para fazer o encaminhamento de pacientes de unidades municipais de menor porte para serviços de referência da rede estadual. A SES também pontua que tem trabalhado em parceria com os municípios para resolver situações de falta de insumos, "ressaltando que os serviços sob gestão estadual estão sendo abastecidos normalmente com gases medicinais".

A nota ratifica que não há risco de desabastecimento sistêmico de oxigênio em Pernambuco, e que o Estado possui plantas industriais que são responsáveis pelo abastecimento do gás medicinal para outros Estados do Nordeste. "No momento, o que se nota é um problema de logística no reabastecimento dos cilindros de O2 de algumas cidades". A SES-PE disse ainda que acionou o Ministério Público de Pernambuco para verificar se há interesses comerciais relacionados a esta questão.

O Governo de Pernambuco finaliza dizendo que, desde o início da semana, enviou ofício ao Ministério da Saúde (MS) solicitando apoio no enfrentamento da pandemia no Estado, com o encaminhamento de 500 concentradores e 1 mil cilindros de oxigênio, além de testes de antígeno e reforço na investigação genômica no Estado. Contudo, ainda não recebeu retorno da solicitação por parte do Governo Federal. 

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